8 de setembro de 2008

Re-nascimento virtual

Apesar de a perfeição envolver uma integração completa e harmoniosa de todas as nossas diferentes dimensões num todo coerente que se manifeste sempre nas nossas acções no presente, eu ainda não estou lá. Por isso, sinto que as diferentes naturezas dos posts que tenho publicado aqui tornam pertinente uma divisão em quatro partes, correspondentes a cada uma das quatro principais dimensões humanas presentes em mim. Claro que elas se entrecruzam entre si, mas vou tentar colocar cada post na dimensão que me parecer mais adequada.

Assim, a partir de hoje só escrevo aqui:

8 de agosto de 2008

O "erro fundamental" do cristianismo

Por muitas vezes tenho percebido que é perigoso esquecermo-nos que somos animais. Realmente somos animais, e isso ainda se reflecte em muitos aspectos em nós. Reflecte-se por exemplo nas nossas relações afectivas: existem dentro de nós desejos, medos, lutas de poder, etc., que influenciam as nossas relações e a nossa vida. Apesar de ser positivo querermos ir para além dessa animalidade, se queremos realmente ir para além dela, temos que ser capazes de reconhecer essa animalidade e as maneiras como nos influencia. Só assim podemos ter uma verdadeira autenticidade nos caminhos que quisermos seguir.

Sem querer tocar sempre na mesma tecla (lol), um dos grandes caminhos em que é mais frequente as pessoas esquecerem-se dos reais princípios afectivos que regem a sua vida e as suas relações, é no caminho espiritual cristão. Quando isso acontece, perde-se a autenticidade, e consequentemente anda-se para trás no próprio caminho que se queria percorrer. Isto acontece porque a pessoa não é capaz de ver a diferença entre o ponto em que queria estar (amar o próximo) e o ponto em que está realmente. Ao não ser capaz de ver essa diferença, apresenta-se aos outros com uma intenção de ser alguém que não é. No fundo, sem querer, está a usar o outro para atingir um objectivo pessoal, e não a amá-lo realmente. O outro, por sua vez, sente essa falta de autenticidade, e afasta-se.

Eu chamo a isto o "erro fundamental do cristianismo": as pessoas comaçam a tentar amar os outros com um objectivo secundário - aproximar-se de Deus - e ao fazê-lo com um objectivo secundário comprometem a relação de amor, pois uma relação de amor só pode existir quando não acontece por razões secundárias, mas pela relação em si.

Este erro fundamental não vem de Jesus, pois Jesus fartou-se de nos alertar para a necessidade de reconhecermos o que nos falta para estar no amor, e para a necessidade de sermos autênticos no caminho que fazemos (reconhecer o nosso pecado). Vem, sim, duma vivência errada da fé. Por causa dessa vivência errada, existem milhões de exemplos de voluntariados cristãos - pessoas a fazer "o bem" - que são um triste atentado ao cristianismo verdadeiro. Exemplos mais graves, como os padres que batem nas crianças e nos doentes, ou as freiras que educam com austeridade, ou voluntários que pedem dinheiro para os famintos e que nas costas julgam e troçam dos que não dão, ou padres que na homilia pregam o amor e a humildade e quando saem da igreja ignoram o pedinte à porta... exemplos menos graves, como o sorriso superficial a esconder a real falta de interesse por alguém que está a desabafar connosco... onde está o amor em todas estas atitudes? E se não existe amor nisso, porque o fazemos, se o objectivo é amar?

Fazemo-lo por causa do "erro fundamental do cristianismo". Fazemo-lo por falta de autenticidade. A autenticidade é um dos maiores desafios no caminho espiritual cristão. Ter consciência das leis que regulam a nossa afectividade, conhecermo-nos a nós próprios, não fingir que se ama quando não se ama, é essencial para que possamos caminhar realmente para Deus. E para esse auto-conhecimento é muito importante a Psicologia. A religião precisa muito de dar atenção à Psicologia, e, por outro lado, a Psicologia não está completa sem a religião, pois a felicidade completa vem de Deus.

No fundo, o "erro fundamental do cristianismo" é o que Jesus denuncia nesta parábola, e que pelos vistos já existia antes do cristianismo:

“Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: ´Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.´ O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ´Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!´ Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.”

Quando formos capazes de ser como o publicano, aí começará a nossa viagem em direcção ao amor de Deus.

29 de julho de 2008

Vida

18 de julho de 2008

Buscas...



O espírito da música electrónica, de dança, trance, etc., parece estar ligado a um sentido de busca duma espécie de perfeição perdida. É frequente ver esse tipo de tema nos vídeos, na sonoridade e nas letras desse tipo de música. E essa busca parece ser assumida como uma busca sem esperança de ser concretizada, o que remete a música de dança para o reino da fantasia, para uma necessidade de compensação pelo desejo inatingível, um consolo. E, muitas vezes, com um toque de agressividade à mistura, como forma de exteriorizar a frustração sentida. Isto leva esse tipo de espírito a procurar prazeres alternativos ao que viria do desejo original, fixando-se em coisas que passam a ser, para a pessoa, manifestações indirectas desse desejo: o estético, o irreal, a noite, o sexo, as drogas.

Apesar de compreender esse espírito e de ter uma tendência para viver esse tipo de relação com a perfeição, acho que é um caminho sem resolução: nunca será mais do que uma compensação e um consolo. É preciso que se compreenda que o desejo primordial das pessoas está ao seu alcance, e é na vida real e nas relações reais com as pessoas, com a Natureza e com a vida em geral, que se poderá atingi-lo. E não é nem um bocadinho menos mágico ou intenso do que na fantasia do trance, do estético e das drogas (a vida real ultrapassa a ficção, se a soubermos viver como deve ser).

Quando se atinge esse desejo, a sua vivência não tem nada de consolo ou compensação, nem se fixa em manifestações indirectas, nem tem toques de agressividade frustrada à mistura. É simples, bom, positivo, e dá um sorriso sincero e transparente.

13 de julho de 2008

Uma possível definição de maturidade: aceitar e estar preparado para as últimas consequências daquilo que se faz; e ter todas as diferentes "partes" de si mesmo reunidas num todo integrado, definido e coerente.

12 de julho de 2008

O mar tem mais de mil estados de espírito diferentes, e identifico-me com cada um deles. Gostava de o conhecer melhor e de ter uma ligação sólida com ele, mas infelizmente há alguns obstáculos que nos separam. Nunca tivemos uma relação mais do que superficial. Quem sabe um dia arranjo um barquito e deixo-o levar-me por aí.

7 de julho de 2008

Ainda a fé...


Aproximarmo-nos de Deus não se faz a partir do nada, mas sempre a partir duma relação, e tendo como "instrumento" as características específicas dessa relação. A fé É uma relação, e não uma perspectiva ou uma teoria. Jesus não escreveu nada porque sabia que não deveriam ser as Escrituras a falar-nos de Deus, mas sim as "letras" vivas transportadas nos gestos, atitudes e emoções daqueles que nos transmitissem aquilo que encontraram Nele. Evangelizar não deve ser absolutamente nada mais do que duas coisas: testemunhar e viver. Testemunhar, é descrever o efeito que Deus teve em nós, a quem o quiser saber. E, quando se está perto de Deus, só pelo facto de se viver e de se agir da maneira que nos for mais natural, está-se a transportar Deus aos outros. Ponto final... tudo o resto está a mais e não leva Deus a ninguém. E aquilo que não faz aproximar, faz afastar.

Jesus lançou essas "letras" vivas aos primeiros Doze, e essas "letras" deveriam ter prosseguido sempre de pessoa em pessoa, através de relações humanas cheias de Deus nos gestos, atitudes e emoções, até aos dias de hoje. Até mim e até ti que estás a ler isto. Era suposto, e era essa a vontade de Jesus, que O tivéssemos conhecido através de gestos, emoções e atitudes de alguém que também O tivesse conhecido dessa maneira através de alguém que O tivesse conhecido dessa maneira, etc., etc., de alguém que O tivesse conhecido pessoalmente há dois mil anos. Isso não aconteceu, e uma prova de que o Espírito Santo existe e age, é que mesmo assim continua a ser possível conhecermo-lO nos dias de hoje: porque o Espírito está Vivo e continua a soprar a quem O procura, como sempre fez.

Essas "letras" vivas, no fundo, são quatro: amor. Deus É amor, e quem ama está - ao amar e só por amar - a ser morada de Deus. Quem estiver com essa pessoa estará também com o seu "Inquilino".

Se alguém pensa aproximar-se de Deus sem que isso lhe traga uma profunda mudança a partir de dentro, desengane-se... Aproximarmo-nos da luz implica que as trevas em nós se dissipem. Mas isso só acontecerá na medida em que formos permitindo e querendo, pois Deus não se impõe a ninguém. Nada ficará no lugar. Um coração que se aproxima de Deus é como a terra debulhada misturada com a semente.
O Espírito vem e mexe, levanta, revira, troca e atira. No fim, qualquer palavra que não seja de agradecimento e louvor parece a mais. Fica o silêncio de quem cala perante uma paisagem indescritível. Um coração de fé é um coração ferido, tocado... Não se pode aproximar de Deus sem sangrar. E nesse sangrar vai-se tudo o que estava a mais em nós. No fim fica-se vazio... mas mais cheio do que nunca.
Tão cheio que, "se eles se calassem, as pedras gritariam".

O caminho de Deus é sempre de ressurreição. É a Cura do coração.

Aleluia :)

1 de julho de 2008

Fés

A minha geração é uma geração de pouca fé. Não sei que fenómenos socio-político-históricos provocam essas tendências, mas a maioria das pessoas da minha idade pouco ligam a coisas espirituais, e tendem muito a achar que descobriram a pólvora ao dizer que "só existe esta vida que vemos e mais nada". É bom para mim ver que essa tendência parece ter desaparecido, uma vez que eu tenho fé.

Em muitas conversas que tenho tido com pessoas de 20 e poucos anos e menos, a tendência é não só a de acreditar, mas até de acreditar em coisas muito variadas: reincarnação, lei da atracção ("O Segredo"), espiritismo, bruxaria, destino, Budismo, Cristianismo, gnosticismo, religiões afro-brasileiras, New Age, etc. Tudo me tem aparecido nas conversas que tenho tido, e muito poucas vezes o cepticismo.

É muito bom ver que hoje em dia as pessoas já não têm dificuldade em vislumbrar coisas que vão para além daquilo que vêem. O que não quer dizer que não haja agora outras dificuldades: a questão da nova geração não se põe em termos de "concreto/invisível", mas em termos de "invisível/invisível/invisível", o que também pode ser desconcertante. O grande desafio é agora a necessidade de orientação dentro da grande variedade de possibilidades que as pessoas vêem. Não há fome que não dê em fartura...

Agora as pessoas são mais exigentes com aquilo em que acreditam, e têm "fés" mais complexas. Cada pessoa parece percorrer caminhos mais fundamentados na busca de respostas, e as respostas que encontram parecem ser mais elaboradas que as de antigamente. Essas respostas acabam por ser muito variadas, e parece que há quase uma religião por pessoa: cada uma pega numa grande variedade de elementos que lhe fazem sentido, e constrói o seu próprio sistema de interpretação da realidade.

Quanto a mim, seja perante a fome de antigamente, seja perante a fartura de agora, cada vez estou mais agradecido a Deus pela fé que me deu. Por mais voltas que dê à cabeça, e principalmente ao coração, não encontro nada mais possível, mais bonito e mais consolador do que o Deus-Amor, humilde, misericordioso, verdadeiro e livre; o Deus que é Pessoa com identidade própria, e que nos cria com uma identidade própria. O Deus que, mesmo antes de nascermos, já nos tratava pelo nome. O Deus que, mal nos vê a regressar para Ele, ao longe, larga tudo e se nos agarra ao pescoço a cobrir de beijos. E por último, mas nada menos importante, o Deus que tomou a nossa forma: dois braços, duas pernas, duas mãos, para que possamos voltar para mais perto Dele.

Aleluia :)

18 de junho de 2008

Amor não é fantasia

Porque é que, quando conhecemos alguém e pomos a hipótese dessa pessoa ser a pessoa certa para nós (em termos amorosos), não incluímos nessa avaliação o prazer e a satisfação que a relação nos está a dar, e também o timing em que essa pessoa apareceu na nossa vida?

Eu explico: às vezes queremos por força que alguém seja a pessoa certa para nós, mas na realidade e na prática, quando estamos com essa pessoa, não estamos felizes com ela nem ela connosco. Mas apesar disso, pensamos que pode ser porque falta esta condição ou aquela: porque não nos conseguimos exprimir ou agir como somos, ou porque não nos temos entendido, ou porque um ou outro estão a passar por uma fase qualquer, e achamos que depois é que vai ser, etc., etc.

Mas a questão é esta: se eu estou bem comigo mesmo e essa pessoa também, se temos a nossa identidade bem definida, e se exteriorizamos bem aquilo que somos interiormente, então o melhor indicador de se essa relação faz sentido, é pura e simplesmente o prazer e a realização que temos com essa pessoa. Se dá muita frustração ou se não é óptimo estar com ela, então... é porque não estamos bem um para o outro... ponto final.

E em relação ao timing? Bem, por exemplo, uma pessoa que seja perfeita para nós, mas que tenha vivido no séc. XV, não faz muito sentido, pois não? Da mesma maneira, uma pessoa que pareça perfeita para nós e esteja viva, mas que não esteja nesse momento sintonizada connosco, embora talvez pudéssemos ser muito felizes noutra altura... também não faz muito sentido.

Não há volta a dar: uma relação que faça sentido dá MUITO prazer e satisfação, e AGORA, não noutra altura qualquer. Se perdemos mais do que algum tempo a tentar que resulte, meus amigos... está na hora de andar para a frente, porque a pessoa realmente certa está algures lá fora.

Acho que isto tem muito a ver com o facto de que nos guiamos mais por fantasias internas do que pela própria experiência. São as expectativas em acção: queremos fazer um filme bonito com as coisas e as pessoas que pensamos que têm que fazer parte desse filme, em vez de viver as coisas que realmente acontecem. Mas o mais irónico é que a haver um filme bonito, só acontecerá com as coisas que são reais.

8 de junho de 2008

Sou como um velho combatente, mas nunca combati. Não travei batalhas, mas vejo-as passar algures em mim. Trago marcas de guerras que não vivi.

Procuro paz, comida e algum prazer passageiro: um sorriso, uma brisa, um cheiro perfumado. Vivo o dia a fugir do passado. Sento-me na berma da estrada, com a perna amputada, que por acaso trago arrastada. Meninas pequeninas fitam-me rindo. Pisco-lhes o olho e seguem caminho, de mãos agarradas a mães preocupadas.

Vivo de esmolas. Dois sorrisos pagam a jornada. Copos baços de licores coloridos, tascos abafados de fumo e de gente. Dão para a semana toda. Gosto de ver os dias passar, sentar-me à tarde à beira do mar na companhia de rafeiros esfomeados.

Há qualquer coisa de bom em não contar com nada.
Fica-se todo naquilo que se tem, e o que se tem fica mais real.

2 de junho de 2008

1 de junho de 2008

Boa realidade

Robert Kegan é um autor que explicou o desenvolvimento humano como dando-se através de dois mecanismos principais, que se mantêm os mesmos ao longo de toda a vida: a diferenciação e a integração. Assim, à medida que a pessoa vai evoluíndo, vai tomando consciência de que a sua identidade não é uma determinada coisa, e esse tomar de consciência é a diferenciação; posteriormente integra essa coisa que antes achava que era seu, e relaciona-se com ela como sendo um objecto externo a si. Por exemplo, a primeira coisa da qual o recém-nascido se diferencia é o mundo: o bébé, primeiro, pensa que é o mundo, e que o mundo é o seu "eu"; depois, diferencia-se do mundo e passa a ter uma relação com o mundo como algo exterior a si.

A maneira como Kegan falou disso é exclusivamente aplicada à identidade da pessoa. Mas eu gosto deste conceito de diferenciação e integração, e acho que se aplica muito bem também a outras coisas: por exemplo, à maneira como a ciência evolui, e à maneira como cada um de nós vai conhecendo o mundo. A ciência não é mais do que ir diferenciando conceitos: ir encontrando os elementos que estão na base dos fenómenos.

Um conceito tem em si vários outros conceitos que o constituem, e o processo de conhecimento da vida trata-se de compreender que conceitos estão implícitos em conceitos mais globais (diferenciação e integração). Assim, num primeiro momento, por exemplo, os filósofos antigos estudaram a natureza, e diferenciaram-na nos quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Depois, os cientistas foram diferenciando esses elementos: foram encontrando diferentes tipos de energia, por exemplo: química, mecânica, sonora, etc. E assim o processo de crescimento e de conhecimento da vida e de nós próprios, vai-se dando através do processo de tomar consciência de quais são todos os elementos que existem dentro de outros elementos mais gerais (diferenciação), e de compreender a relação que há entre esses elementos (integração).

Isto acontece-me muito também na minha relação pessoal com a vida, à medida que vou aprendendo sobre ela. Vou aprendendo a distinguir coisas que antes metia no mesmo saco (diferenciação). Por exemplo: humildade não implica submissão; são elementos separados, que antes me pareciam estar juntos. Uma pessoa humilde não é uma pessoa que não tenha vontade própria ou que permita que outros mandem em si, mas à primeira vista poder-se-ía fazer essa confusão. E como neste exemplo, passo a vida a encontrar conceitos diferentes que englobava no mesmo, incorrectamente.

No fundo, a vida aparece-nos como uma "sopa" de elementos que vamos diferenciando e integrando. E quando não somos bem-sucedidos na distinção desses elementos e na compreensão da sua correcta relação, estamos a confundir as coisas, a ter visões erradas da vida. Cada pessoa tem a sua estrutura específica de visões erradas, que tem implicações nas suas acções e em toda a sua vida. E só há uma estrutura correcta: aquela que corresponde à realidade, que é boa e que por isso leva à felicidade completa.

Um dos temas aos quais isto se aplica, é a religião. Eu sou um cristão fervoroso, mas ao mesmo tempo magoado com a confusão que vai nas visões de cristianismo de tantos cristãos. Acho que há muitos conceitos indiferenciados e misturados nessas visões erradas, e que impedem a expansão e vivência feliz do cristianismo. Porque o cristianismo, quando não é transmitido correctamente, é como uma semente estéril que não dá frutos. Quando é transmitido como é e como foi fundado por Jesus Cristo, aí é como fogo que se espalha em erva seca, porque é bom, muito bom. Eu também ainda não atingi essa visão correcta, mas já atingi uma visão que é suficiente para saber que essa visão correcta existe, e que é a felicidade máxima que um homem pode sentir. Uma visão libertadora, realizante, explosiva.

Por isso, para mim, a grande prioridade deveria ser promover a diferenciação e a integração correcta de todos os conceitos envolvidos no cristianismo: organizar as visões confusas e divididas, e aproximá-las da visão de Cristo, que era a coisa mais bonita que alguma vez roçou e roçará a face da Terra.

31 de maio de 2008

25 de maio de 2008

24 de maio de 2008

Ser ou não ser

Não sei se já escrevi isto, mas às vezes sinto que sou tão anárquico que podia desfazer-me e diluír-me no ar. Até as estruturas e as leis do meu próprio corpo me parecem absurdas.
Acho que o meu ego vive desintegrado. Vejo passar partes de mim mesmo à frente dos meus olhos, e não consigo perceber donde vêm nem o que são. Mas é bom vê-las, e posso reclinar-me cómodamente no meu sofá e assistir à passagem de mim mesmo por mim. Acho que a culpa é do sistema.
Não sei onde nem quando perdi aquilo que não sei o que é nem se perdi. Acho que algum dia decidi que tinha tanta razão que nem sequer tinha que explicar. E agora não sei se isso aconteceu, nem quando foi, nem em que é que tinha razão. Devia ter sido como todos e promovido a minha pessoa, mas isso seria ter sido como todos. Na selva, se não se tá por cima fica-se por baixo.
Sei que o mundo não se trata de mim, e não gosto de falar assim. Quanto mais aprendo mais sinto que não sei nada. Só os vagabundos são a esperança. Aos outros parecem loucos, e é essa a beleza: nem eles sabem de que é que estão fora, mas o importante é que estão. Os que sentem que não cabem nas coisas, esses é que sabem, todos os outros não.
Porque é que quando não consigo o que quero me sinto mais perto de mim? É esse o paradoxo: o exílio é a minha morada. Obedecer é morrer, negociar é não ser. Viva os loucos, os rejeitados, os rebeldes e os drogados. Salvam-me a vida.

Enfim... não se preocupem. Amanhã pego na cartola e na bengala, e podemos continuar a brincar.

20 de maio de 2008

Amigo










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Amigo... Deixar-te naquela noite, só Deus sabe como foi. Feliz e inocente, e de repente, um muro. A tua surpresa, a tua cara e o teu coração, partem o meu só de pensar. Um muro, amigo... era só um muro entre nós! Mas sabes, não era só um muro, era toda a "civilização". Nasceste no sítio errado à hora errada. Ninguém te avisou? Não há espaço. Foi mau o timing, amigo. Há dias assim... Há vidas assim.

Porque sorrias? Só complicas tudo. A hora não era de alegria... Pobre inocente, o teu erro foi que erraste. Não se pode, amigo. Passaste para o "outro lado": sem sonhos, sem nome, sem amor. És um número, uma letra. És nada.

Mas que raio te dizem os sonhos? Porque saltavas e sorrias, amigo? Não há tempo para brincadeiras. A gasolina está cara, e o metro quadrado também. Não vês?? Há coisas mais importantes... A tua vida é um grão de pó levado pelo vento. Nem olhes para as caras que vês passar na rua. Não te vão ajudar... Não vês que são frias? Não se pode confiar nos sem-pêlo.

Amigo, Deus quis que tivesses outra oportunidade. Fico contente por ti. Mas sabes, dói-me o teu coração partido, e não te ver mais, parte o meu. Desculpa, mas posso ficar só meio contente?

Que Deus te leve a um bom lugar... Que Deus cure esse pequeno coração.
És meu amigo, e nunca te esquecerei.

15 de maio de 2008

Viver é gostar, é rir e é chorar...

...e para quê complicar mais? Viver é intenso mas simples.

2 de maio de 2008

O grito


Há um pássaro, deve ser uma coruja, no bairro grande de casas ao lado do meu prédio que vai do Campo Alegre até à Boavista, que solta um grito à noite. Uma nota só, meio aguda, forte, intermitente, lenta e misteriosa: "pii... pii... pii...". O som percorre todo o bairro, sem se perceber exactamente de onde vem, irrompendo sobriedade enquanto tudo repousa passivamente.

Parece uma espécie de espírito, uma voz no meio da noite que alerta para alguma coisa, ou para o facto de estarmos vivos. Provavelmente desperta quem a ouve sem intenção nenhuma de o fazer, mas só por ser o que é: energia vital. Limita-se a fazer o mesmo que os seus antepassados têm feito desde que este bairro e toda a cidade eram natureza selvagem cheia de mato e árvores.

Entretanto, nós humanos fomos mudando e perdendo um certo grito interior que vinha do mais profundo de nós, das nossas raízes ancestrais primas de todos os outros seres vivos. Mas graças a Deus houve um desses nossos primos que sobreviveu o suficiente para me vir acordar no meu bairro, na minha vidinha e no meu sedentarismo. E que me acorda, acorda mesmo.

Não sei se é a energia vital em mim que pega nesse grito e lhe dá esse sentido, ou se é esse grito que me faz entrar em contacto com a energia vital. Mas também não interessa. Oiço-o, gosto, e sinto uma força em mim a levantar-se. Acho que é um grito mais interior do que exterior, e não quero que se cale nunca.

24 de abril de 2008

Corpo e mais corpo...!

Depois de um workshop de Biodanza à tarde e treino de capoeira à noite com três mestres; nas vésperas de 3 dias de workshops, rodas e festas de capoeira; com um workshop de Psicoterapia Corporal prà semana; e estando a investigar sobre expressão corporal e emocional para o mestrado... pode-se dizer que estou definitivamente convencido da importância do corpo na Psicologia, nas relações humanas, nas emoções, enfim: na vida.

Não estamos nada habituados a usá-lo, pois houve com o passar dos séculos uma dissociação, uma separação, entre nós e o nosso corpo. Carregamo-lo com algum custo para o carro, para o trabalho, para a mesa de jantar, etc. Passamos horas sentados. Falamos só com a boca e com a cabeça, como se o resto do corpo só estivesse lá para servir de suporte e de meio de transporte.

Mas enquanto todo este tempo nós não tivemos consciência disso, os nossos corpos continuaram vivos, a agir, a comunicar, a participar da nossa vida. Porque eles, são nada mais nada menos do que... nós. Sim, temos alma, sim, temos mente racional. Mas enquanto vivermos neste mundo e enquanto formos (não só mas também) animais, o nosso corpo é o nosso instrumento por excelência, a extensão da nossa alma e da nossa pessoa. É nós.

E sem percebermos, constantemente e a cada segundo, o nosso corpo é um espelho de nós próprios, carregado de mensagens sobre nós e a nossa vida. Se desejamos, se ressentimos, se esperamos, se entristecemos... a nossa respiração, a nossa pulsação, a nossa postura, a nossa pele, a nossa energia, a nossa atenção, o nosso aparelho digestivo, o nosso sistema nervoso... tudo em nós está a espelhar e a influenciar mutuamente tudo isso que se passa dentro de nós. E nas relações com os outros: as mensagens não-verbais, as expressões faciais, as posturas, os movimentos corporais... tudo está constantemente a influenciar e a espelhar o que se passa nas nossas relações.

Pois é... o nosso corpo está vivo! E tem sido maltratado. Os nossos pés passam dias e dias dentro de meias e sapatos, sem saber o que é a luz do dia; a nossa pele passa dias e dias enfiada dentro de tecidos, às vezes de má qualidade, sem saber o que é ar puro, a luz do sol, a pele dos outros ou as gotas de chuva. Os nossos narizes já não estão habituados a processar os sinais químicos que nos vêm dos outros e da natureza. Os nossos olhos encheram-se de óculos, de tanto olhar para folhas e para ecrãs. Os nossos estômagos fartaram-se de nos mandar mensagens sobre o que é melhor ou pior para eles. A nossa intuíção está prestes a ser despedida sem justa causa.

Amigos... estamos a morrer! Porque não estamos a viver como deve ser: com e através do corpo e de todos os seus órgãos e funções, desenvolvidos durante milhões de anos para nos servir. Que desperdício! Vamos acordar! Vamos dedicar mais tempo a cuidar dos corpos que somos nós! Vamos ter mais atenção às nossas reacções corporais e utilizá-las nas nossas relações, decisões e prazeres! Vamos aprender a conhecer-nos a nós próprios e aos outros, conhecendo os nossos corpos e os corpos dos outros... Nós somos animais! Não só, mas em grande parte!

Viva a capoeira, a psicoterapia corporal, a dançaterapia, viva a dança, o movimento, viva o olfacto, a visão, a intuíção, o tacto, viva os olhos abertos e a atenção para o que se passa dentro e fora de nós! Viva a vida e o Senhor que nos criou para a vivermos com Ele, com os outros e com a Natureza :)

19 de abril de 2008

Prazer, Liberdade, Intimidade e Segurança


Outro dia, pus-me a pensar na minha vida, coisa que às vezes faço :) ao ver em retrospectiva o que é que causou isto, aquilo, e antes disso, e antes disso, etc... cheguei à base inicial donde partiram todas as motivações e mudanças para melhor e para pior, todo o motor da evolução e do desenrolar da minha vida. E percebi que depois de nascer e crescer um bocadinho (só o suficiente para poder olhar para a vida e agir nela), desde muito cedo na minha vida, o meu objectivo - mais inconsciente do que consciente - se resume a isto: viver uma relação de prazer com a vida em liberdade, com segurança, e em intimidade com outros. E ao pensar nisso, pareceu-me que esse objectivo primordial não era só meu, mas é o de toda a gente... que fazemos todos nós senão tentar viver o que a vida tem de bom sem restrições à nossa liberdade, livres de perigos, e ligados a pessoas importantes para nós?

Pode-se perguntar: "E o que é exactamente que a vida tem de bom?" Bem, a isso respondo que a vida é naturalmente boa. Dá naturalmente prazer às pessoas tocarem, sentirem, descobrirem, saborearem, explorarem, tudo o que existe... porque a vida em si dá prazer. A falta de prazer não vem daquilo que a vida tem, mas vem da falta de acesso àquilo que a vida tem para oferecer. A felicidade é a ausência de razões para estar infeliz, e não o contrário. Não é preciso razões para se estar feliz, o viver é a única razão, mais do que suficiente. E todos os problemas começam quando deixamos de poder viver em paz o prazer que a vida dá naturalmente, perdendo liberdade, segurança, ou intimidade com os outros.

E tem lógica: na Bíblia, está escrito que Deus, quando criou as coisas que existem, sucessivamente, ía dizendo que "tudo era bom". Ou seja, por outras palavras, a vida dá naturalmente prazer, se tivermos acesso a tudo o que ela tem com liberdade, segurança e em intimidade com aqueles que a partilham connosco.

15 de abril de 2008

Mais uma notícia das que eu gosto:

"Suécia: Tesouro viking foi encontrado em aeroporto

Uma arca recheada com 472 moedas árabes de prata, que terá sido enterrada há 1.150 anos, foi desenterrada perto do aeroporto de Estocolmo, na Suécia. Arqueólogos afirmam que se trata da maior e mais antiga relíquia viking jamais encontrada no país.
Os especialistas do Banco da Herança Nacional da Suécia descobriram as 472 moedas antigas quando escavavam uma tumba da Idade do Bronze, fazendo com que se tenham de alterar algumas das suposições sobre os saques, importações e tesouros dos Vikings.

O professor de numismática da Universidade de Estocolmo, Kenneth Jonsson, afirma que as moedas devem remontar a 850 a.C., «uma data remota», já que «as importações de moeda por parte dos Vikings só começaram a ser conhecidas por volta do ano 800 a.C.», acrescentando ainda que «as moedas eram tão importantes para aquele povo que uma data tão antiga torna o facto interessantíssimo».

A descoberta, que contém moedas do Médio Oriente, correspondentes ao que hoje é o Iraque e a Síria, leva a considerar que o povo nórdico importou moedas muito antes do que se imaginava. «Devem ter estado em circulação antes de terem sido enterradas e eram de alta qualidade», explica a especialista Karin Beckman-Thoor."

O Tio Patinhas deve estar a dar quacks de raiva na sua caixa-forte por não ter sido ele a descobrir o tesouro :)

(aqui)

10 de abril de 2008

Amor e medo

O medo como o oposto do amor, uma idéia alternativa à tradicional de que o ódio é o oposto do amor. Faz sentido. No Homem, o amor e a segurança estão muito relacionados. Uma pessoa que nasceu e cresceu com amor é uma pessoa segura de si, com uma identidade bem definida, sem medo de se afirmar ou de ser avaliada. Sabemos que o amor leva as pessoas a não temerem nada, nem sequer a morte. Quem ama verdadeiramente sente que nada a pode afectar, sente uma plenitude tão grande que mesmo que o mundo acabe no dia seguinte já viveu tudo o que poderia desejar nesta vida. O amor amadurece, o medo bloqueia.

O amor liberta, o medo prende. O amor flexibiliza, o medo rigidifica. O amor derrete, o medo congela.

Talvez o medo seja uma consequência da falta de amor que aparece antes do ódio. Talvez o ódio seja uma segunda reacção à falta de amor, que surge como uma estratégia de defesa contra o medo.

Talvez o Inferno seja o reino do medo e não do ódio. De facto, os demónios que falavam nos possuídos pediam a Jesus que os poupasse: mostravam medo e não ódio.

31 de março de 2008

Páscoa

Páscoa... Passagem, mudança. Parece que perdi o pio aqui no blog! Andam coisas dentro de mim dum lado pró outro. A mudança prepara-se no silêncio. E quando sai, mexe.

O equinócio, a lua cheia, as pessoas, o trabalho. Tudo tem mexido.

A última foi esta: não sabia, mas soube há pouco tempo, que um grande autor de psicologia, Michael Mahoney, cujas teorias admiro imenso, se tinha suicidado em 2006. Todos os testemunhos que se ouvem dele, e os seus próprios livros, apontam para ele como um sábio, e de bom coração. O que poderá ter levado a isto?

Já tinha há muito tempo classificado para mim próprio o suicídio como um acto sempre precipitado. Ou seja, a maneira como o compreendo, é como sendo sempre uma resposta a uma situação de angústia, que a pessoa exerce precipitadamente. Se a pessoa pudesse encontrar dentro de si nesse momento o seu "eu" sensato, emocionalmente equilibrado e inteligente, nunca tomaria essa decisão, uma vez que essa decisão não é em caso nenhum lógica e emocionalmente desejável. Esta é a maneira como o vejo, e acredito que também terá sido assim para Mahoney.

Outra resposta que me surgiu também rápidamente é esta: Mahoney era um construtivista, tendo sido até um dos autores de psicologia que mais contribuiu para a aplicação desta corrente teórica à psicologia. O construtivismo defende que a organização interna do "caos" da realidade, o sentido que a pessoa encontra para as coisas, é construído pelos próprios indivíduos que estão a apreender a realidade, não se podendo vislumbrar qualquer tipo de tentativa de interpretação da realidade que não seja uma construção de quem a faz.

Eu admiro imenso o construtivismo, porque realmente acho que é verdade que seja qual for a relação que temos com a realidade, ela só é significativa para nós se partir dos próprios significados que damos às coisas. Ou seja, não acredito que ninguém possa transmitir a ninguém nenhum tipo de interpretação ou sentido acerca de nada, se essa interpretação não passar pelas próprias vivências que a pessoa teve, e nas quais desenvolveu o seu próprio sentido para as coisas. Isto é parecido com o existencialismo, e não tenho a certeza, mas acho que o construtivismo surgiu muito na linha do existencialismo.

MAS: gosto do construtivismo por causa do que ele nos diz da maneira como nos relacionamos com a vida, mas não gosto nem concordo com a parte que diz que não existe um sentido para a realidade, exterior àquele que nós escolhermos. Para mim o universo tem um sentido independentemente do Homem ou de outro ser qualquer, e não depende das construções pessoais que esse homem ou ser fizer. E, em última análise, acredito que essa atribuíção da realidade como essencialmente relativa e sem um fio condutor comum e primordial, poderá ter estado relacionada com o triste fim de Mahoney. São estas as minhas duas explicações (ou "construções") sobre os seus motivos.

E agora, vou continuar a Páscoa. Até breve.

13 de março de 2008

Capoeira



O meu professor de capoeira, mestre Chapão, a mostrar os movimentos básicos.
A capoeira é uma metáfora da vida: ensina-nos a estarmos preparados para os altos e baixos, a ter atenção e a encontrar sempre uma saída. Ensina a relacionar-nos connosco próprios e com os outros através do corpo, a encontrar energia para os desafios de todos os dias. É um jogo, e acima de tudo é uma dança: trata-se simplesmente de curtir o ritmo e deixar o corpo falar.

11 de março de 2008

"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."

(Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela')

8 de março de 2008

Domingos, o canário

Pois é. Esta semana trouxeram para cá um canário chamado Domingos. Uma pequena criatura elegante, duma cor amarelada linda, e com uns olhinhos pequenos pretos e redondos. Filho de campeões de canto, um verdadeiro príncipe da sua espécie. Eu não dava muito pela sua vinda. Mas não é que há qualquer coisa nele que passa através de todas as grades? As da sua gaiola, as do meu coração, e as outras que mais houver. Não sei descrever bem o que é. Um misto de inocência, de esperança, de beleza. Vida, fragilidade, frescura. O rapaz tocou-me. Juro que até o cão ficou com ciúmes. E ainda mais me toca a tristeza de o ver sozinho enfiado dentro dumas grades. Será possível que o maior traço dos humanos seja meter as coisas atrás das grades? Se ele ainda pudesse aprender a sobreviver em liberdade, soltava-o. Por enquanto, vou apreciar a sua companhia e o seu canto, que começa a aparecer à medida que se adapta ao seu novo ambiente. Parece que o rapaz gosta de ouvir música para cantar.

Domingos o canário, o meu novo amiguinho. Pobre canário... ou pobres humanos.

3 de março de 2008

Procura-se oásis


Com muito mar e céu azul, verdes, flores, e cheiros. Sem papéis nem expectativas. Que tenha um degrau ao sol, numa parede branca ou verde pastel. Que a tarde passe ao som do vento nas folhas e das ondas do mar. Que os únicos gritos sejam dos pássaros a pescar. Que haja pouca gente, e a que houver seja livre. Que se possa não pensar. Procura-se oásis onde o passado seque ao sol como pó levado pelo vento. Onde se possa sentir o sabor da fruta e do sal. Onde se ande descalço e despenteado sem que isso fique mal. Procura-se oásis onde se possa desaparecer e encontrar-se. Onde haja liberdade, prazer, sentido e segurança.

Procura-se oásis. Antes que se morra de sêde.

27 de fevereiro de 2008

Psicologia e religião

O Senhor disse: "amai-vos uns aos outros como Eu vos amei". Não disse: "aconselhai-vos uns aos outros como Eu vos aconselhei", ou "trabalhai uns para os outros como Eu trabalhei".

O que nos cura, salva e liberta é o amor. A Psicologia é um instrumento poderoso para ajudar nesse caminho, e como tal deve ser utilizado por quem procura viver em amor. Mas a Psicologia por si só não implica o amor (por isso, por si só também não implica a cura, a libertação e a salvação). Logo, qualquer intervenção psicológica em que o psicólogo se limite a ajudar a pessoa a analisar a sua vida, mas não se torne também ele próprio numa das relações significativas da pessoa, apesar de poder estar a ajudar muito a pessoa, não está a actuar totalmente segundo a vontade de Deus. Está só a prestar um serviço, o que também pode ser considerado por alguns como "amar o próximo". Mas eu não o considero.

Amar implica uma relação recíproca em que eu, com aquilo que sou, sinto e quero, me envolvo (ligo) emocionalmente com alguém, e em que passo a desempenhar um papel na vida emocional do outro, assim como o outro também na minha. E é esse papel que nos salva a ambos, não a simples prestação de um serviço, ainda que seja feita numa perspectiva dita "cristã" (como é possível que haja - tantos - cristãos que confundam amor com prestação de serviços?).

Numa perspectiva cristã, amor e profissão não devem ser nem separados nem emparelhados. A profissão é mais uma de muitas áreas da vida da pessoa que são transversalmente contagiadas pelo amor que transborda da sua relação com Deus. O amor cristão na profissão não se limita a uma espécie de "consciência profissional" que leva as pessoas a darem o seu melhor profissionalmente, nem a profissão é considerada por um cristão como uma área distinta das relações pessoais, separada do amor. O amor de um cristão existe na sua vida em geral, em todas as suas relações. Amar não é nem pode ser considerado igual a prestar um serviço com muito zêlo.

P.S.: Isto merece uma nota de esclarecimento técnica: o facto de o psicólogo ter que ter cuidado com os fenómenos de transferência e contra-transferência, que podem comprometer o processo terapêutico, não quer dizer que não possa amar a pessoa e ser amado por ela, numa relação autêntica. Quer dizer apenas que deve ter consciência desses fenómenos e tê-los em conta para o bem da pessoa.

15 de fevereiro de 2008

Há músicas que me derrubam. Faço por esticar as cordas que me seguram por dentro. E há músicas que vêm, puxam-nas, trocam-nas, e caem. Sei que um dia hei-de morrer. Mas é possível que seja uma música que me mate.

12 de fevereiro de 2008

Sou um cristão existencialista e anárquico

Descobri hoje esta maravilha... nem sabia que existia, e ainda tenho que investigar melhor. Identifiquei-me muito com os cristãos existencialistas e com os cristãos anárquicos =)

aqui e aqui:

Christian existencialism; Christian anarchism


E aqui um cheirinho:


Ammon Hennacy:

"Christian anarchy is based upon the answer of Jesus to the Pharisees when Jesus said that he without sin should be the first to cast the stone, and upon the Sermon on the Mount which advises the return of good for evil and the turning of the other cheek. Therefore, when we take any part in government by voting for legislative, judicial, and executive officials, we make these men our arm by which we cast a stone and deny the Sermon on the Mount.

The dictionary definition of a Christian is one who follows Christ; kind, kindly, Christ-like. Anarchism is voluntary cooperation for good, with the right of secession. A Christian anarchist is therefore one who turns the other cheek, overturns the tables of the moneychangers, and does not need a cop to tell him how to behave. A Christian anarchist does not depend upon bullets or ballots to achieve his ideal; he achieves that ideal daily by the One-Man Revolution with which he faces a decadent, confused, and dying world".


Nicolas Berdyaev:

"It is beyond dispute that the state exercises very great power over human life and it always shows a tendency to go beyond the limits laid down for it.

There is absolute truth in anarchism and it is to be seen in its attitude to the sovereignty of the state and to every form of state absolutism. […] The religious truth of anarchism consists in this, that power over man is bound up with sin and evil, that a state of perfection is a state where there is no power of man over man, that is to say, anarchy. The Kingdom of God is freedom and the absence of such power … the Kingdom of God is anarchy."


Subscrevo e assino por baixo dos dois!!

11 de fevereiro de 2008


"Os prunos estão a florir. As condições ideais de temperatura e humidade que se têm verificado nos últimos dias provocaram o aparecimento das flores nestas bonitas árvores. O seu odor começou a ser sentido por um grande número de habitantes do Porto, que informaram o acontecimento à redacção, de resto já detectado pelos seus repórteres.

O Instituto Nacional de Estatística divulgou que este ano as flores vieram mais cedo. Segundo o mesmo Instituto, os prunos contribuem anualmente para a recuperação de 600.000 problemas de saúde relacionados com uma vasta gama de perturbações: depressão, stress, ansiedade, problemas cardíacos, e outros. Recorde-se que estas árvores que, juntamente com as magnólias, antecipam a Primavera, estão incluídas no P.D.M. da maioria das freguesias do Porto, desde que o Movimento de Cidadãos pelos Prunos (M.C.P.) se reuniu com Rui Rio, com o apoio de todas as forças políticas representadas na Câmara Municipal."

Estas são as notícias que eu gostava de ver nos jornais.

10 de fevereiro de 2008

The Darjeeling Limited


A comunicação existe a vários níveis. Convencional, não-verbal, etc. Este filme passa-se ao nível da comunicação não-verbal, e mesmo as coisas que se dizem não são para ser entendidas objectivamente, mas pelo significado que está para além das palavras. Até a realização, a música, os ângulos, as imagens, etc., falam a esse nível. É um filme muito psicológico, não só nesse sentido, mas também no sentido de que trata de um processo terapêutico. As pessoas no filme estão a processar emoções não-resolvidas, a tentar encontrar o sentido e o significado de acontecimentos passados, e a tentar encontrar a sua identidade no meio de tudo isso. Passa-se no interior da Índia, e dá-nos um cheirinho da variedade e complexidade da maneira de estar indiana, que inclui uma espiritualidade natural incrível, uma expressividade sensorial intensa, e uma beleza estética enorme.

Gostei muito.

(aqui)

9 de fevereiro de 2008


Ei! Já olhaste para o céu esta noite? E ontem? E anteontem? Já viste as estrelas que brilham lá em cima enquanto dormes? Já te deixaste fascinar hoje pela vastidão do universo? E ontem? Sabias que a estrela que viste um dia continua imponente, enquanto tens dias e noites stressantes, interessantes ou insignificantes? Sabias que aquilo que sabes não é muito importante? Há quanto tempo não olhas para dentro de ti? Onde está a força que sentias que podias fazer tudo o que quisesses? Quando vais acordar? Ei!! A noite é boa. Vai.

8 de fevereiro de 2008

Hotel Ruanda

Acabei de ver o filme "Hotel Ruanda", na RTP1, que ainda não tinha visto. Já muitas vezes pensei que há neste mundo dois mundos diferentes, e o nosso não tem nada a ver com o outro, como todos sabemos. A violência, doença, fome, insegurança, etc., que se vive em África e no 3º mundo em geral faz com que esses mundos sejam mais parecidos com o inferno, e, o que é mais incrível, é que as suas causas têm a ver só e mais nada com o comportamento humano. Não se trata de catástrofes naturais, mas de consequências das más opções dos homens.

Ao ver o filme, tava a pensar: que sentido tem alguém viver a sua vida pacatamente neste nosso mundinho, sabendo que se estão a passar estas coisas? Não seria o nosso dever, antes de nos permitirmos viver as nossas vidas pacatamente, descermos ao inferno, dar as nossas vidas junto com as vidas das vítimas de lá, lutar para que os outros tenham condições de vida minimamente humanas, e aí, então, vivermos as nossas vidas cá pacatamente?

Isso faria muito sentido. Mas ao ver o filme fiz também uma descoberta muito importante: é que não é só descendo a esses infernos que podemos ajudar as vítimas. Não se pode separar os lugares e tempos em que estas crises horríveis acontecem, dos lugares e tempos em que não acontecem. Ou seja: estas coisas acontecem em consequência do facto de as pessoas não saberem viver como deve ser, quando ainda não estão em crise.

Acontecem porque os tempos de "não-crise" não foram bem estruturados de maneira a que estas crises não pudessem acontecer. A paz não foi suficientemente interiorizada pelas pessoas, a sua satisfação afectiva não está positiva, o respeito pelos direitos humanos, pela vida humana, a humildade, as relações interpessoais construtivas e positivas, etc., etc., etc., não foram bem aprendidos pelas pessoas, e é tudo isso que faz com que haja o risco de acontecerem estas crises.

Enquanto numa sociedade não houver estes valores e esta harmonia bem enraízados, essa sociedade corre sempre o risco de caír na tentação do genocídio. Enquanto não tivermos carinho pelos nossos vizinhos, pelos nossos compatriotas, pelos humanos em geral, enquanto não tivermos o amor e o prazer incluídos nos nossos estilos de vida em comunidade, então também a nossa sociedade pode um dia acabar numa guerra civil, na perda de toda a humanidade e de todos os valores. É um risco que também nós aqui, em Portugal, e na Europa, estamos neste momento a correr, porque ainda não soubemos construír sociedades suficientemente sólidas na "não-crise".

Por isso, nós, que vivemos em tempos e lugares de "não-crise", podemos ajudar muito o mundo, lutando e não descansando enquanto as vidas de todos não estiverem tão bem vividas, que seja impossível os homens chegarem a estes extremos durante as crises. E esta luta está ao alcance de qualquer um, não é preciso fazer parte dos governos, ser rico, ou ir para África para fazê-lo.

Acho engraçado e importante: podemos ajudar muito as pessoas que vivem em sítios longínquos, violentos e pobres, aprendendo nós a viver a vida como ela deve realmente ser vivida. E isso parece-me ao mesmo tempo uma boa homenagem em respeito por todas as vítimas.

1 de fevereiro de 2008

Que demais, quero umas taças destas!!

"Massagem de som"

31 de janeiro de 2008

Beleza, bem, mal, trigo e joio


O meu médico não me deixa ficar muito tempo sem pensar em coisas boas. Por isso, aqui vai: o que é a beleza?

As coisas falam, acho que já tinha dito isso aqui. A linguagem das cores, das formas, das linhas, dos movimentos, etc., têm conteúdos, mensagens, que dizem coisas. Eu acho que a beleza é simplesmente a linguagem das coisas a falar de amor. E nós, como falamos inatamente essa linguagem, entendemos essa mensagem, mas chamamos-lhe beleza porque a nossa cabeça não atinge aquilo que estamos a "ler" com o coração.

Se olharmos para uma cara bonita, o que vemos? A harmonia das proporções, a suavidade da pele, os diferentes elementos parece que brincam uns com os outros cheios de alegria e de vida. O que é isso tudo senão, numa palavra, amor?

Por outro lado, o feio, o que é? No mesmo raciocínio, é a linguagem das coisas a falar-nos de falta de amor. Uma pessoa sem amor, e odiada, torna-se feia, não só porque não tem nem recebe cuidado, mas porque as suas expressões, feições, posturas, etc., começam a transmitir "desilusão", "tristeza", "desarmonia", etc.: falta de amor.

Acho que, para nós, há também outro elemento que entra nesses conteúdos comunicativos da beleza, para além do amor: é aquele que vem da natureza animal. Esses conteúdos podem dizer por exemplo: "força", "poder", "capacidade de sobrevivência", "agilidade", "auto-suficiência", e, ao longo dos tempos, esses significados foram sendo lidos por nós como beleza, por serem atributos desejáveis para um animal. Um exemplo disso é a beleza que vemos numa pantera ou num cavalo. Lemos esses traços como sendo beleza, porque, ao longo dos milénios e da formação das espécies, se "misturaram" com os conteúdos que originalmente falavam só de amor, e não de sobrevivência ou auto-suficiência.

Pois é. Eu acredito que, neste mundo, o amor puro está misturado de tal maneira com a falta de amor, que em alguns casos é quase impossível separar uma coisa da outra. A falta de amor serve-se muitas vezes da imagem do amor para transmitir beleza. É o caso, por exemplo, daquela beleza que vemos num avião-caça do exército: uma máquina que serve para matar, que serve para a guerra, no entanto, há qualquer coisa nas suas linhas, na sua harmonia, que é bela. Se a beleza vem do amor e a guerra vem da falta de amor, como pode isto acontecer? É o caso também da beleza duma mulher caprichosa e egoísta. Uma mulher que não é capaz de amar, que faz mal aos homens e tira prazer disso, mas que é muito bonita e atraente. Não será isso porque o amor e a falta de amor estão misturados nela, e porque a falta de amor, às vezes, se serve do amor para atraír e para sobreviver?

Da mesma maneira, muitas vezes achamos bonitas coisas que não são boas. Se, como eu acredito, a beleza, a vida, a felicidade, vêm do amor, e o feio, a morte, o sofrimento, vêm da falta de amor, como é que isto é possível?

Acho que a explicação é essa: a situação do Homem e da Natureza, nesta vida, é a da "mistura". É o que na Bíblia está muito bem ilustrado com a metáfora do trigo e do jôio. Estão misturados, e Deus deixa-os crescer juntos, para que não se corte o trigo juntamente com o jôio. Na altura da ceifa é que se voltam a separar. A ceifa é o momento da morte. Em nós, o bem e o mal, a beleza e o feio, a vida e a morte, o amor e a falta de amor, estão misturados, e essa mistura só poderá ser desmisturada numa vida futura, no Paraíso. Nessa altura, veremos claramente que o amor é a fonte de toda a beleza, e nessa altura, tudo o que é falta de amor será também horrivelmente feio. Será assim porque veremos a Verdade, e já não veremos as coisas misturadas. Ou nesta vida, se se atingir a santidade, que para mim não é mais do que ter desmisturado o trigo e o jôio em nós.

Esta mistura que acontece em termos de beleza, acontece também dentro de nós a vários níveis. Já que estamos na onda da religião, acontece muito quando tentamos tornarmo-nos "bons". Porque dentro de nós o bom e o mau também está muito misturado, e quando tentamos mudar as coisas dentro de nós para que fique tudo bom, acabamos por rejeitar coisas boas que estavam ligadas às más, e acabamos por promover coisas más que estão ligadas às boas.

Pois é, isto é um caso bicudo... Então como é possível a alguém que queira separar o trigo do jôio nesta vida, fazê-lo? Como pode alguém tornar-se bom, se neste mundo, e dentro de nós, o mau e o bom estão tão "interpenetrados"?

A minha resposta é: não pode. Só Deus pode fazê-lo em nós. O que nós podemos fazer é ter a humildade de aceitar que em nós as duas coisas estão misturadas, e ir tentando encontrar o melhor equilíbrio possível. É um caminho. E podemos, sobretudo, não tentar agir "como se fôssemos bons", ou seja, não tentar agir segundo um modelo exterior, ao qual tentamos corresponder. A bondade, assim como todas as coisas boas, só são autênticas se partirem de dentro de nós, se forem fruto duma descoberta pela prática. Se estão fora, não vale a pena fingir, isso só leva à falsidade, e a queimar o trigo (bem) juntamente com o jôio (mal). Só podemos ir descobrindo o que é ser-se bom experimentando e errando, aceitando o erro e tentando outra vez, de maneira a que a mistura que temos por dentro se vá desmisturando aos bocadinhos. Sem perfeccionismos, sem orgulhos, sem auto-condenações, e sem condenar os outros.

Mas isso é outra conversa, e este post já ficou comprido demais!!

30 de janeiro de 2008

"Olhos" e "eus"

Às vezes sinto-me como se estivesse numa sala cheia de gente, e eu fosse o único com os olhos abertos, e todos tivessem os olhos vendados. Não porque ache que veja mais do que os outros. Cada pessoa provávelmente sente o mesmo, talvez com a diferença de que alguns encontrem mais gente na sala com os olhos abertos.

É uma questão de comunicação: a sala é a vida, e os olhos são os nossos verdadeiros "eus". É difícil conseguirmos comunicar com os nossos verdadeiros "eus", fazer com que os outros vejam aquilo que sentimos verdadeiramente perante as coisas, compreendam, e estabeleçam connosco uma "área" de partilha de sentimentos e de perspectivas suficientemente grande para que vejamos os "olhos" uns dos outros, na sala.

Claro que vou vendo os olhos de algumas pessoas, na sala. Mas às vezes parece que estão todos com os olhos vendados. Alguém sente o mesmo? Se sim, ficamos mais perto de nos olharmos nos "olhos".

22 de janeiro de 2008



Espectáculo...

21 de janeiro de 2008

Atonement

Gosto de filmes em que o par principal, no meio de toda a trama de acontecimentos e confusões típicos das tragédias gregas, mantem-se sempre fiel e confiante um no outro, com um amor seguro e resistente às intempéries. Hoje vi um assim: "Expiação". Uma história que mostra, sem grandes interpretações ou juízos de valor, a verdade dos sentimentos crus que passam pelas almas humanas, e também das reviravoltas que as vidas dão à mercê de acontecimentos que não se controlam.

Nós, homens e mulheres, somos seres desejantes. Aquilo que mais nos caracteriza é desejar. Desejamo-nos uns aos outros, desejamos coisas, desejamos, ponto final. Na "sopa" de desejos em constante ebulição que faz parte dos grupos humanos, os seus destinos são muito variáveis. Uns encontram o que desejam, outros encontram desejos diferentes quando procuravam o primeiro, outros desejam sem nunca serem saciados, outros não chegam a perceber o que desejam.

Pode-se dizer muita coisa sobre isso: que é injusto ou que é justo, que é bonito ou que é feio, que é redutor ou que é humano. A mim parece-me, acima de tudo, que é uma sorte. É uma sorte ser livre para sentir um desejo, e é uma sorte ser-me dada uma oportunidade para o satisfazer, ainda que as condições possam ser adversas.

Consegui-lo é o auge; não o conseguir é uma lição de desportivismo; e tentar tem o seu encanto.

(Aqui)

17 de janeiro de 2008

Só dizer que estou aqui.

Se calhar não me viste, ías muito atarefada. Eu espero. É giro ver-te no meio das pessoas, como quem tem um mundo de pequenos compromissos que precisam de ser cumpridos. Se pudesse, fazia-tos por ti.

Mas não são meus, são teus, e também não acredito em compromissos. Só tenho estes: seguir a minha vontade e procurar a vontade de Deus. Como não sei a dele, tento a minha.

Por isso estou aqui, a admirar o teu stress. És querida, tu e a tua vida. "Queres deixar isso tudo e vir apanhar sol?" Pergunto na minha mente e prevejo o teu escândalo. Já sei, tens coisas bem mais importantes para fazer.

Como se o sol não tivesse sido criado só para brincar com a tua pele. Como se houvesse coisa mais importante que curtir a vida ao pé de alguém que gosta de ti. Se pudesses arriscar e largar as tuas tarefas... Se me deixasses, por um minuto, mostrar-te o que vejo, fazias-me feliz, e quem sabe se a ti também.

Mas se não me vês a mim, como podes ver o que vejo?

16 de janeiro de 2008

Há dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que acreditam que há dois tipos de pessoas no mundo, e aquelas que não acreditam nisso.

(Schoppenhauer)

11 de janeiro de 2008

A vida é como o windows: todos têm, mas poucos sabem explorar todas as suas potencialidades.

9 de janeiro de 2008

Amor é religião...

... e religião é amor. Se não acreditam, leiam:

"Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele."

"No amor não há temor; o amor que é perfeito expulsa o temor, porque o temor supõe um castigo. Quem teme não é perfeito no amor."

(Bíblia - Primeira Epístola de São João)

De tudo o que existe, que outra coisa poderia ser a mais importante de todas?
Que outra coisa poderia ser Deus, senão amor?

De todas as frases que ouvi na minha vida, muito poucas são tão importantes como estas.
São João está lá, e eu estou com São João :)

1 de janeiro de 2008

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