24 de abril de 2008

Corpo e mais corpo...!

Depois de um workshop de Biodanza à tarde e treino de capoeira à noite com três mestres; nas vésperas de 3 dias de workshops, rodas e festas de capoeira; com um workshop de Psicoterapia Corporal prà semana; e estando a investigar sobre expressão corporal e emocional para o mestrado... pode-se dizer que estou definitivamente convencido da importância do corpo na Psicologia, nas relações humanas, nas emoções, enfim: na vida.

Não estamos nada habituados a usá-lo, pois houve com o passar dos séculos uma dissociação, uma separação, entre nós e o nosso corpo. Carregamo-lo com algum custo para o carro, para o trabalho, para a mesa de jantar, etc. Passamos horas sentados. Falamos só com a boca e com a cabeça, como se o resto do corpo só estivesse lá para servir de suporte e de meio de transporte.

Mas enquanto todo este tempo nós não tivemos consciência disso, os nossos corpos continuaram vivos, a agir, a comunicar, a participar da nossa vida. Porque eles, são nada mais nada menos do que... nós. Sim, temos alma, sim, temos mente racional. Mas enquanto vivermos neste mundo e enquanto formos (não só mas também) animais, o nosso corpo é o nosso instrumento por excelência, a extensão da nossa alma e da nossa pessoa. É nós.

E sem percebermos, constantemente e a cada segundo, o nosso corpo é um espelho de nós próprios, carregado de mensagens sobre nós e a nossa vida. Se desejamos, se ressentimos, se esperamos, se entristecemos... a nossa respiração, a nossa pulsação, a nossa postura, a nossa pele, a nossa energia, a nossa atenção, o nosso aparelho digestivo, o nosso sistema nervoso... tudo em nós está a espelhar e a influenciar mutuamente tudo isso que se passa dentro de nós. E nas relações com os outros: as mensagens não-verbais, as expressões faciais, as posturas, os movimentos corporais... tudo está constantemente a influenciar e a espelhar o que se passa nas nossas relações.

Pois é... o nosso corpo está vivo! E tem sido maltratado. Os nossos pés passam dias e dias dentro de meias e sapatos, sem saber o que é a luz do dia; a nossa pele passa dias e dias enfiada dentro de tecidos, às vezes de má qualidade, sem saber o que é ar puro, a luz do sol, a pele dos outros ou as gotas de chuva. Os nossos narizes já não estão habituados a processar os sinais químicos que nos vêm dos outros e da natureza. Os nossos olhos encheram-se de óculos, de tanto olhar para folhas e para ecrãs. Os nossos estômagos fartaram-se de nos mandar mensagens sobre o que é melhor ou pior para eles. A nossa intuíção está prestes a ser despedida sem justa causa.

Amigos... estamos a morrer! Porque não estamos a viver como deve ser: com e através do corpo e de todos os seus órgãos e funções, desenvolvidos durante milhões de anos para nos servir. Que desperdício! Vamos acordar! Vamos dedicar mais tempo a cuidar dos corpos que somos nós! Vamos ter mais atenção às nossas reacções corporais e utilizá-las nas nossas relações, decisões e prazeres! Vamos aprender a conhecer-nos a nós próprios e aos outros, conhecendo os nossos corpos e os corpos dos outros... Nós somos animais! Não só, mas em grande parte!

Viva a capoeira, a psicoterapia corporal, a dançaterapia, viva a dança, o movimento, viva o olfacto, a visão, a intuíção, o tacto, viva os olhos abertos e a atenção para o que se passa dentro e fora de nós! Viva a vida e o Senhor que nos criou para a vivermos com Ele, com os outros e com a Natureza :)

2 comentários:

soy yo disse...

concordo, amigo, o soma é não só uma extensao da alma, como a propria alma se transporta e exprime nele. A linguagem do corpo é talvez tao importante quanto a da alma. qual dela é mais perceptivel? a primeira vista seria a do corpo, pois a da alma n estaria "revelada", mas para percebermos uma linguagem é necessario percebermos os seus códigos.E acho que nao estamos suficientemente atentos para perceber essas linguagens... É preciso consciencia, como dizes...

- disse...

Bem vinda, amiga, e obrigado pelo contributo :) bjs