30 de outubro de 2007

Humanistas, existencialistas, etc...


Não só temos em nós, mas somos uma espécie de mapa do nosso passado, e de todas as vivências que fizeram de nós quem somos.

As nossas reacções, acções, sentimentos e percepções do presente transportam em si a história que as fizeram ser como são.

Analisando os processos e os padrões das nossas relações actuais com os outros e com o mundo, encontramos toda a informação que precisamos para nos conhecermos profundamente.

Somos naturalmente predispostos para uma vida afectivamente plena e realizada, e se não o for é porque alguma coisa impediu o curso natural das coisas.

O nosso corpo está num contínuo com a nossa mente e a nossa afectividade. Tudo o que se passa ao nível psicológico, tem uma expressão ao nível corporal.

É importante aprendermos a viver no aqui e no agora, entrar em contacto com o nosso corpo, as suas sensações, e com as emoções que experimentamos a cada momento.

Curto estes manos!
"Be as you are, and so see who you are and how you are
Let go for a moment or two of what you ought to do,
And discover what you do do
Risk a little if you can
Feel your own feelings
Say your own words
Think your own thoughts
Be your own self
Discover
Let the plan for you grow from within you"

Fritz Perls

E aqui está o senhor em acção na sua terapia centrada no aqui e agora:

28 de outubro de 2007

Uma coisa que aprendi é que as pessoas, acima de tudo, querem seguir pessoas reais. Podem seguir idéias, filosofias, religiões, mas a pessoa específica que transmite essas idéias, filosofias ou religiões, com a sua maneira de ser e a sua personalidade, tem um papel muito importante nisso. E se essa pessoa for capaz de estabelecer uma relação real com as pessoas que a seguem, envolvêr-se emocionalmente com elas, tratá-las pelo nome, aí elas podem até chegar ao ponto de entregar a vida por essas idéias, filosofias ou religiões.

25 de outubro de 2007

"Some people never learn anything because they understand everything too soon"

Alexander Pope

21 de outubro de 2007

Saudades... :´(

As séries da minha infância. Ao ver estes vídeos sinto o cheiro do sofá dos meus avós onde eu adormecia a tentar ficar acordado a ver o Dallas ou o Hill Street Blues... a textura do meu velho pijama vermelho que me fez querer ser do Benfica (até o meu irmão me chamar à razão, claro)... a alcatifa de minha casa onde eu me deitava a ver o Galactica, os 3 Dukes, os Soldados da Fortuna... os heróis e modelos de fortaleza, segurança e confiança que eles eram para mim... a sala da casa de Verão onde vía o Verão Azul com os meus maninhos... as curvas em 90 graus que o carro do Automan fazia, sem abrandar... AAHHH! Nostalgía!!

Verano Azul



Automan



Galactica



Wonder Woman



The A-Team



Hill Street Blues



Dallas



O Homem da Atlântida



Os 3 Dukes



Knight Rider

20 de outubro de 2007

Ainda sobre o musical

Outra coisa que o Jesus Cristo Superstar me fez pensar foi o seguinte: neste musical, assim como em todas as obras cristãs que relatam a vida de Jesus, a Paixão e Morte de Jesus ocupam um grande destaque. Passa-se muito tempo a focar essas imagens desagradáveis. No musical dei por mim a querer que aquilo passasse rápido, e percebi que queria isso, por um lado, porque esse sofrimento me repugna e não me apetece pensar nele, e, por outro lado, porque ainda não o compreendo totalmente, e assim, para mim, fica só a parte má visível - as chicotadas, o sangue, etc. - e não o sentido que está por trás disso.

E isto leva-nos a um aspecto importantíssimo sobre a vivência da fé cristã e da sua transmissão: é que não adianta para nada enfatizar esse género de coisas a quem não as percebe. Isso é como dizer a alguém que, se um dia se juntar a uma mulher, vai ter que se esforçar por lhe agradar, levar-lhe o pequeno-almoço à cama, tratá-la bem, etc. Isto visto assim parece uma espécie de escravatura, e é pouco provável que atraia alguem, porque falta aí o sentido que está por trás. Esse sentido é o amor enorme que iremos ter por essa pessoa e que irá fazer com que todas essas tarefas nos dêem um grande prazer.

Da mesma maneira, mostrar o sofrimento de Jesus na cruz, ou dizer que temos que ser assim ou assado, ou que temos que largar coisas pelos outros, etc., etc., é completamente descabido, se antes a pessoa não tiver atingido o sentido que está por trás disso: conhecer e amar Jesus Cristo e a sua mensagem. Por outro lado, quando a pessoa tiver esse amor, não será preciso dizer-lhe que deve sofrer por causa da cruz, nem que deve ser assim ou assado, nem que deve largar coisas pelos outros, porque a própria pessoa irá sentir e fazer isso tudo em consequência do amor que terá a Jesus e à sua mensagem.

Assim, isto significa o seguinte: a única maneira certa de transmitir a mensagem de Jesus a alguém, é mostrar a essa pessoa quem ele é, o que disse, e explicar de que maneira influenciou a nossa própria vida. O resto virá naturalmente, e se não vier, de qualquer maneira não deve ser esse o objectivo. Tudo o que ultrapasse isto, está a mais.

Tenho a certeza que, se este pequeno princípio fosse aplicado em toda a Igreja, a sua maneira de estar, a sua filosofia, as suas actividades, etc., tudo mudaria radicalmente, porque hoje em dia não é ainda essa a lógica pela qual a Igreja se move. Enquanto a Igreja não se mover pela lógica certa, estará a afastar as pessoas de Deus e não a aproximá-las, o que é grave.

O que é q os dois últimos posts têm em comum?

Simples. Ambos estão relacionados com um fenómeno: é que a sociedade vive num equilíbrio de forças desde os tempos da pré-história, forças relacionadas com o poder, com a gestão dos milhares de vontades humanas que exercem pressão umas contra as outras na persecução dos seus objectivos, diáriamente.

Esse equilíbrio é como uma balança, em que se se tira de repente um dos pesos, o outro cai violentamente. Os dois últimos posts implicam ambos esse retirar abrupto de um dos pratos da balança.

No caso de Jesus, as suas idéias implicavam no seu tempo, e implicam ainda hoje, a interrupção da ordem estabelecida, o que pode levar a movimentos desequilibrantes na sociedade, movimentos esses que os poderosos temem. Se de repente todos nos amássemos uns aos outros, toda a ordem da sociedade seria invertida, porque tudo está planeado de acordo com a idéia de que cada um procura o seu próprio proveito, e todas as instituições estatais e económicas funcionam segundo esse princípio. Se de repente esse princípio desaparecer, como irão as pessoas gerir o dia-a-dia mundial a partir de amanhã?

Da mesma maneira, a introdução de uma energia gratuita e limpa, de repente, pode abalar as estruturas sobre as quais o mundo assenta hoje em dia, uma vez que o petróleo e os custos a ele associados coordenam todas as actividades humanas a um nível global, o que equivaleria igualmente a um "retirar repentino de um dos pratos da balança"...

e é isso que os dois últimos posts têm em comum :)

19 de outubro de 2007

Eu a armar-me em crítico de musicais

Jesus Cristo Superstar

Um espectáculo muito bom, que mostra e provoca emoções profundas, embora descaradamente, ou melhor, declaradamente. A intensidade e o tipo de emoções vão subindo e descendo, virando e voltando, em "ondas" que se sucedem num movimento constante através de algumas cenas da vida de Jesus. A coreografia e a música (ao vivo) têm muita qualidade técnica e estética, e as vozes dos cantores são duma afinação incrível.

Adopta uma perspectiva diferente do habitual, próxima da humanidade limitada e real com que as pessoas se relacionam com Jesus. Mostra muito bem a complexidade e variedade das diferentes reacções que existem: há os que fazem troça num misto de curiosidade e cinismo; há os que ficam incomodados com qualquer coisa de verdadeiro que vêem na sua vida e que não sabem o que é; há os que o seguem de maneiras que não eram supostas, como a violência e o poder; há os que se sentem ameaçados pela liberdade e bondade de Jesus e que o querem eliminar; há os que se mantêm de coração aberto e confuso, e que se vão transformando interiormente, genuínos, fracos e humildes, no seu rasto; etc.

Infelizmente, há também um defeito grave: não sei o que passou pela cabeça do La Féria, mas o personagem principal, Jesus, tá horrível, embora também muito bom técnicamente. Mas com uma voz de falsete muito estranha, um cabelo meio falso, uma aparência enjoadinha e frágil, às vezes nem se percebia o que dizia, porque fazia uns "trejeitos" estranhíssimos com a voz. Contrastava com todos os outros actores/cantores, que estavam fantásticos. Não me parece ter sido por acaso esta opção, uma vez que tudo o resto estava mesmo bem, e uma vez que estes pormenores nestes espectáculos são controlados ao ínfimo detalhe. Acho que deve ter sido mesmo uma interpretação muito estranha por parte do La Féria, ou então um péssimo gosto, que, a ser assim, não é coerente com o óptimo gosto de tudo o resto. Muito estranho!

Mas isso não impediu o grande prazer que senti por ter tido a oportunidade de assistir a um espectáculo como este, uma verdadeira ópera dos tempos modernos :)

18 de outubro de 2007

Estou maravilhado com isto: vejam bem, os ímans da roda de fora aproximam-se, e os ímans da roda de dentro começam a girar com uma força incrível. É um motor simplicíssimo e que cria energia sem gastar! Acho que é o futuro da energia! Gratuita, limpa, simples... vejam "magnetic motor" na net =)

17 de outubro de 2007

Gostei :)

desta
e
desta

(aqui)

Outubro no Porto


Eu devo ter sido feliz em algum(s) dos meus primeiros outubros, porque gosto deste mês! A não ser quando chove. Mas estes pôres do sol dourados, o cheirinho do ar de manhã já a começar a ficar frio, o azul profundo do céu ao fim da tarde... etc., etc.! Sou só eu??

(a imagem é daqui)

12 de outubro de 2007


Hoje é um dia profissionalmente memorável para mim. E ironicamente, lembrei-me duma coisa sobre as profissões e as pessoas que gostava de partilhar. É que uma profissão não é mais do que um conjunto de tarefas, que qualquer um pode fazer. Umas mais difíceis, outras mais fáceis, mas... tarefas! E acho bastante estúpido que as pessoas na nossa sociedade se deixem definir tanto pela profissão.

Não somos nenhum software informático nem braços mecânicos, mas o que fazemos no trabalho, mais cedo ou mais tarde, vai poder ser feito por um software e um braço mecânico, porque não é nada de mais... são tarefas! Que é que importa se é organizar livros numa biblioteca, ou fazer contas num escritório, ou avaliar sintomas num consultório, ou fazer argumentos num tribunal? É tudo tarefas!

Afinal, o valor duma pessoa, e que faz dela única, está na pessoa que a pessoa é! Na capacidade de envolvimento com os outros, na contribuição única que as suas atitudes dão às vidas dos outros, na sabedoria de vida, no viver em si! Nessa área, cada pessoa é mesmo única e com um valor inestimável para os seus próximos. E o que a define não é de maneira nenhuma o que faz profissionalmente. E se é assim para os seus próximos, que importa o que é para os não próximos?

Emancipemo-nos, minha gente!! Emancipemo-nos das nossas próprias prisões e rótulos, e libertemo-nos! Somos livres para fazer do mundo o que quisermos que ele seja, e muito mais do nosso próprio mundinho privado!

Como o grande Bob Marley dizia, "No one but ourselves can free our minds"!

10 de outubro de 2007

O dia estava espectacular. Sol, uma brisa de leste, e um cheirinho bom no ar. Estava a olhar para o mar quando a vi.
Mexia-se com uma lentidão graciosa que constrastava com o atrevimento dos seus gestos. A atracção foi imediata.
Vinha na minha direcção e as suas formas pareciam cada vez mais nítidas e definidas. As curvas, as linhas do seu corpo, brincavam umas com as outras numa dança sensual. Era mesmo apetecível.
Sem sequer pensar nisso, um instinto primitivo decidiu dentro de mim: ela era minha. Fui atrás dela. Ficámos frente a frente, voltei-me, e por um bocadinho avançámos na mesma direcção. Eu não tirava os olhos dela.
Quando nos juntámos foi magia pura. Primeiro tocou-me, depois segurou-me, tentando envolver-me e agarrar-me. Num só movimento, pus-me em cima dela. Estávamos em perfeita sincronia.
Percorri-a ávidamente, subindo e descendo, voltando e recomeçando, em breves momentos que pareciam eternos, suspensos do tempo. Sentia-a mesmo embaixo de mim, as suas curvas a vibrar, cheias de energia.
O desgaste físico deixou-me sem fôlego. Acabou tão rápido como começou, e sem que eu desse por isso, ela pareceu esvaír-se na praia.
Virei-me e fui em direcção ao horizonte, lentamente, a pensar nela. Foi então que levantei os olhos e vi, ao longe, outra, ainda melhor que ela. E tudo recomeçou outra vez, e depois dessa apareceu outra, e outra, e outra!!
Ao fim do dia não me conseguia mexer de cansaço, de prazer, de satisfação. E adormeci profundamente, a desejar que no dia seguinte voltasse a estar bom para...
surf!! ;)

1 de outubro de 2007

life! oh, life... oh liiiife... oh life tururututu

Vem Janeiro e vejo "isolamento" num vidro cinzento cheio de gotas de chuva. Vem a Primavera e vejo "entusiasmo" nas flores e nas folhas. Vem o Verão e vejo "aventura" nas malas e nos carros. Vem o Outono e vejo "segurança" no cheiro da lenha queimada da sala quentinha dos primeiros dias frios. E isto é só uma pequena amostra.

Porque é que não vejo "isolamento" quando estiver realmente isolado, "entusiasmo" sempre, "aventura" quando me apetecer e "segurança" quando realmente a tiver? Parece que somos escravos de associações e significados formados ao longo da nossa vida, e que passamos a viver o presente através do passado, sem actualizar essas associações e significados, sem permitir que as experiências actuais criem outros.

Por outro lado, essa função de associar sensações a coisas e experiências parece ser também importante porque é uma forma de conhecimento do mundo, o que nos permite não só aproveitar em maior profundidade o que vier depois, mas também ter um grau mínimo de previsibilidade sobre aquilo que nos pode acontecer.

Talvez não seja bom largar as associações e significados que colecçionámos ao longo da vida, mas também não é bom que elas impeçam a formação constante e fluída de novas associações e significados. Talvez o melhor seja um equilíbrio entre estes dois extremos. Como é que se faz para atingi-lo? Como manter sempre uma relação fresca, directa, imediata, actual, intensa, profunda e nova com a vida?

Está aberto o plenário (ando numa de pedir a vossa opinião!)