29 de julho de 2008

Vida

18 de julho de 2008

Buscas...



O espírito da música electrónica, de dança, trance, etc., parece estar ligado a um sentido de busca duma espécie de perfeição perdida. É frequente ver esse tipo de tema nos vídeos, na sonoridade e nas letras desse tipo de música. E essa busca parece ser assumida como uma busca sem esperança de ser concretizada, o que remete a música de dança para o reino da fantasia, para uma necessidade de compensação pelo desejo inatingível, um consolo. E, muitas vezes, com um toque de agressividade à mistura, como forma de exteriorizar a frustração sentida. Isto leva esse tipo de espírito a procurar prazeres alternativos ao que viria do desejo original, fixando-se em coisas que passam a ser, para a pessoa, manifestações indirectas desse desejo: o estético, o irreal, a noite, o sexo, as drogas.

Apesar de compreender esse espírito e de ter uma tendência para viver esse tipo de relação com a perfeição, acho que é um caminho sem resolução: nunca será mais do que uma compensação e um consolo. É preciso que se compreenda que o desejo primordial das pessoas está ao seu alcance, e é na vida real e nas relações reais com as pessoas, com a Natureza e com a vida em geral, que se poderá atingi-lo. E não é nem um bocadinho menos mágico ou intenso do que na fantasia do trance, do estético e das drogas (a vida real ultrapassa a ficção, se a soubermos viver como deve ser).

Quando se atinge esse desejo, a sua vivência não tem nada de consolo ou compensação, nem se fixa em manifestações indirectas, nem tem toques de agressividade frustrada à mistura. É simples, bom, positivo, e dá um sorriso sincero e transparente.

13 de julho de 2008

Uma possível definição de maturidade: aceitar e estar preparado para as últimas consequências daquilo que se faz; e ter todas as diferentes "partes" de si mesmo reunidas num todo integrado, definido e coerente.

12 de julho de 2008

O mar tem mais de mil estados de espírito diferentes, e identifico-me com cada um deles. Gostava de o conhecer melhor e de ter uma ligação sólida com ele, mas infelizmente há alguns obstáculos que nos separam. Nunca tivemos uma relação mais do que superficial. Quem sabe um dia arranjo um barquito e deixo-o levar-me por aí.

7 de julho de 2008

Ainda a fé...


Aproximarmo-nos de Deus não se faz a partir do nada, mas sempre a partir duma relação, e tendo como "instrumento" as características específicas dessa relação. A fé É uma relação, e não uma perspectiva ou uma teoria. Jesus não escreveu nada porque sabia que não deveriam ser as Escrituras a falar-nos de Deus, mas sim as "letras" vivas transportadas nos gestos, atitudes e emoções daqueles que nos transmitissem aquilo que encontraram Nele. Evangelizar não deve ser absolutamente nada mais do que duas coisas: testemunhar e viver. Testemunhar, é descrever o efeito que Deus teve em nós, a quem o quiser saber. E, quando se está perto de Deus, só pelo facto de se viver e de se agir da maneira que nos for mais natural, está-se a transportar Deus aos outros. Ponto final... tudo o resto está a mais e não leva Deus a ninguém. E aquilo que não faz aproximar, faz afastar.

Jesus lançou essas "letras" vivas aos primeiros Doze, e essas "letras" deveriam ter prosseguido sempre de pessoa em pessoa, através de relações humanas cheias de Deus nos gestos, atitudes e emoções, até aos dias de hoje. Até mim e até ti que estás a ler isto. Era suposto, e era essa a vontade de Jesus, que O tivéssemos conhecido através de gestos, emoções e atitudes de alguém que também O tivesse conhecido dessa maneira através de alguém que O tivesse conhecido dessa maneira, etc., etc., de alguém que O tivesse conhecido pessoalmente há dois mil anos. Isso não aconteceu, e uma prova de que o Espírito Santo existe e age, é que mesmo assim continua a ser possível conhecermo-lO nos dias de hoje: porque o Espírito está Vivo e continua a soprar a quem O procura, como sempre fez.

Essas "letras" vivas, no fundo, são quatro: amor. Deus É amor, e quem ama está - ao amar e só por amar - a ser morada de Deus. Quem estiver com essa pessoa estará também com o seu "Inquilino".

Se alguém pensa aproximar-se de Deus sem que isso lhe traga uma profunda mudança a partir de dentro, desengane-se... Aproximarmo-nos da luz implica que as trevas em nós se dissipem. Mas isso só acontecerá na medida em que formos permitindo e querendo, pois Deus não se impõe a ninguém. Nada ficará no lugar. Um coração que se aproxima de Deus é como a terra debulhada misturada com a semente.
O Espírito vem e mexe, levanta, revira, troca e atira. No fim, qualquer palavra que não seja de agradecimento e louvor parece a mais. Fica o silêncio de quem cala perante uma paisagem indescritível. Um coração de fé é um coração ferido, tocado... Não se pode aproximar de Deus sem sangrar. E nesse sangrar vai-se tudo o que estava a mais em nós. No fim fica-se vazio... mas mais cheio do que nunca.
Tão cheio que, "se eles se calassem, as pedras gritariam".

O caminho de Deus é sempre de ressurreição. É a Cura do coração.

Aleluia :)

1 de julho de 2008

Fés

A minha geração é uma geração de pouca fé. Não sei que fenómenos socio-político-históricos provocam essas tendências, mas a maioria das pessoas da minha idade pouco ligam a coisas espirituais, e tendem muito a achar que descobriram a pólvora ao dizer que "só existe esta vida que vemos e mais nada". É bom para mim ver que essa tendência parece ter desaparecido, uma vez que eu tenho fé.

Em muitas conversas que tenho tido com pessoas de 20 e poucos anos e menos, a tendência é não só a de acreditar, mas até de acreditar em coisas muito variadas: reincarnação, lei da atracção ("O Segredo"), espiritismo, bruxaria, destino, Budismo, Cristianismo, gnosticismo, religiões afro-brasileiras, New Age, etc. Tudo me tem aparecido nas conversas que tenho tido, e muito poucas vezes o cepticismo.

É muito bom ver que hoje em dia as pessoas já não têm dificuldade em vislumbrar coisas que vão para além daquilo que vêem. O que não quer dizer que não haja agora outras dificuldades: a questão da nova geração não se põe em termos de "concreto/invisível", mas em termos de "invisível/invisível/invisível", o que também pode ser desconcertante. O grande desafio é agora a necessidade de orientação dentro da grande variedade de possibilidades que as pessoas vêem. Não há fome que não dê em fartura...

Agora as pessoas são mais exigentes com aquilo em que acreditam, e têm "fés" mais complexas. Cada pessoa parece percorrer caminhos mais fundamentados na busca de respostas, e as respostas que encontram parecem ser mais elaboradas que as de antigamente. Essas respostas acabam por ser muito variadas, e parece que há quase uma religião por pessoa: cada uma pega numa grande variedade de elementos que lhe fazem sentido, e constrói o seu próprio sistema de interpretação da realidade.

Quanto a mim, seja perante a fome de antigamente, seja perante a fartura de agora, cada vez estou mais agradecido a Deus pela fé que me deu. Por mais voltas que dê à cabeça, e principalmente ao coração, não encontro nada mais possível, mais bonito e mais consolador do que o Deus-Amor, humilde, misericordioso, verdadeiro e livre; o Deus que é Pessoa com identidade própria, e que nos cria com uma identidade própria. O Deus que, mesmo antes de nascermos, já nos tratava pelo nome. O Deus que, mal nos vê a regressar para Ele, ao longe, larga tudo e se nos agarra ao pescoço a cobrir de beijos. E por último, mas nada menos importante, o Deus que tomou a nossa forma: dois braços, duas pernas, duas mãos, para que possamos voltar para mais perto Dele.

Aleluia :)