1 de julho de 2008

Fés

A minha geração é uma geração de pouca fé. Não sei que fenómenos socio-político-históricos provocam essas tendências, mas a maioria das pessoas da minha idade pouco ligam a coisas espirituais, e tendem muito a achar que descobriram a pólvora ao dizer que "só existe esta vida que vemos e mais nada". É bom para mim ver que essa tendência parece ter desaparecido, uma vez que eu tenho fé.

Em muitas conversas que tenho tido com pessoas de 20 e poucos anos e menos, a tendência é não só a de acreditar, mas até de acreditar em coisas muito variadas: reincarnação, lei da atracção ("O Segredo"), espiritismo, bruxaria, destino, Budismo, Cristianismo, gnosticismo, religiões afro-brasileiras, New Age, etc. Tudo me tem aparecido nas conversas que tenho tido, e muito poucas vezes o cepticismo.

É muito bom ver que hoje em dia as pessoas já não têm dificuldade em vislumbrar coisas que vão para além daquilo que vêem. O que não quer dizer que não haja agora outras dificuldades: a questão da nova geração não se põe em termos de "concreto/invisível", mas em termos de "invisível/invisível/invisível", o que também pode ser desconcertante. O grande desafio é agora a necessidade de orientação dentro da grande variedade de possibilidades que as pessoas vêem. Não há fome que não dê em fartura...

Agora as pessoas são mais exigentes com aquilo em que acreditam, e têm "fés" mais complexas. Cada pessoa parece percorrer caminhos mais fundamentados na busca de respostas, e as respostas que encontram parecem ser mais elaboradas que as de antigamente. Essas respostas acabam por ser muito variadas, e parece que há quase uma religião por pessoa: cada uma pega numa grande variedade de elementos que lhe fazem sentido, e constrói o seu próprio sistema de interpretação da realidade.

Quanto a mim, seja perante a fome de antigamente, seja perante a fartura de agora, cada vez estou mais agradecido a Deus pela fé que me deu. Por mais voltas que dê à cabeça, e principalmente ao coração, não encontro nada mais possível, mais bonito e mais consolador do que o Deus-Amor, humilde, misericordioso, verdadeiro e livre; o Deus que é Pessoa com identidade própria, e que nos cria com uma identidade própria. O Deus que, mesmo antes de nascermos, já nos tratava pelo nome. O Deus que, mal nos vê a regressar para Ele, ao longe, larga tudo e se nos agarra ao pescoço a cobrir de beijos. E por último, mas nada menos importante, o Deus que tomou a nossa forma: dois braços, duas pernas, duas mãos, para que possamos voltar para mais perto Dele.

Aleluia :)

1 comentário:

Unknown disse...

Cm sabes, posso dizer que sou umas dessas pessoas que, ao longo do tempo, veio a perder fé. Porquê? Nã sei bem. A fé vai-se perdendo tão lentamente, de forma tão subtil que acaba-se por nem dar por ela.
Mas acho bem que exista diversidade nas crenças e motivos/energias que fazem e levem as pessoas a (sobre)viverem e a serem felizes. Acima de tudo, o importante é sermos feliz, com ou sem fé e independentente do alvo/deus em questão.

Fiquem bem, sejam felizes :-) bjinhos