7 de julho de 2008

Ainda a fé...


Aproximarmo-nos de Deus não se faz a partir do nada, mas sempre a partir duma relação, e tendo como "instrumento" as características específicas dessa relação. A fé É uma relação, e não uma perspectiva ou uma teoria. Jesus não escreveu nada porque sabia que não deveriam ser as Escrituras a falar-nos de Deus, mas sim as "letras" vivas transportadas nos gestos, atitudes e emoções daqueles que nos transmitissem aquilo que encontraram Nele. Evangelizar não deve ser absolutamente nada mais do que duas coisas: testemunhar e viver. Testemunhar, é descrever o efeito que Deus teve em nós, a quem o quiser saber. E, quando se está perto de Deus, só pelo facto de se viver e de se agir da maneira que nos for mais natural, está-se a transportar Deus aos outros. Ponto final... tudo o resto está a mais e não leva Deus a ninguém. E aquilo que não faz aproximar, faz afastar.

Jesus lançou essas "letras" vivas aos primeiros Doze, e essas "letras" deveriam ter prosseguido sempre de pessoa em pessoa, através de relações humanas cheias de Deus nos gestos, atitudes e emoções, até aos dias de hoje. Até mim e até ti que estás a ler isto. Era suposto, e era essa a vontade de Jesus, que O tivéssemos conhecido através de gestos, emoções e atitudes de alguém que também O tivesse conhecido dessa maneira através de alguém que O tivesse conhecido dessa maneira, etc., etc., de alguém que O tivesse conhecido pessoalmente há dois mil anos. Isso não aconteceu, e uma prova de que o Espírito Santo existe e age, é que mesmo assim continua a ser possível conhecermo-lO nos dias de hoje: porque o Espírito está Vivo e continua a soprar a quem O procura, como sempre fez.

Essas "letras" vivas, no fundo, são quatro: amor. Deus É amor, e quem ama está - ao amar e só por amar - a ser morada de Deus. Quem estiver com essa pessoa estará também com o seu "Inquilino".

Se alguém pensa aproximar-se de Deus sem que isso lhe traga uma profunda mudança a partir de dentro, desengane-se... Aproximarmo-nos da luz implica que as trevas em nós se dissipem. Mas isso só acontecerá na medida em que formos permitindo e querendo, pois Deus não se impõe a ninguém. Nada ficará no lugar. Um coração que se aproxima de Deus é como a terra debulhada misturada com a semente.
O Espírito vem e mexe, levanta, revira, troca e atira. No fim, qualquer palavra que não seja de agradecimento e louvor parece a mais. Fica o silêncio de quem cala perante uma paisagem indescritível. Um coração de fé é um coração ferido, tocado... Não se pode aproximar de Deus sem sangrar. E nesse sangrar vai-se tudo o que estava a mais em nós. No fim fica-se vazio... mas mais cheio do que nunca.
Tão cheio que, "se eles se calassem, as pedras gritariam".

O caminho de Deus é sempre de ressurreição. É a Cura do coração.

Aleluia :)

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez, deixas-me maravilhada com o eco que encontro de mim mesma nas tuas palavras :)
Espero que estejas bem. Um beijinho, Ana Lídia*

- disse...

Ana! :) tou com saudades tuas. Maravilha! Beijinhos