18 de julho de 2008

Buscas...



O espírito da música electrónica, de dança, trance, etc., parece estar ligado a um sentido de busca duma espécie de perfeição perdida. É frequente ver esse tipo de tema nos vídeos, na sonoridade e nas letras desse tipo de música. E essa busca parece ser assumida como uma busca sem esperança de ser concretizada, o que remete a música de dança para o reino da fantasia, para uma necessidade de compensação pelo desejo inatingível, um consolo. E, muitas vezes, com um toque de agressividade à mistura, como forma de exteriorizar a frustração sentida. Isto leva esse tipo de espírito a procurar prazeres alternativos ao que viria do desejo original, fixando-se em coisas que passam a ser, para a pessoa, manifestações indirectas desse desejo: o estético, o irreal, a noite, o sexo, as drogas.

Apesar de compreender esse espírito e de ter uma tendência para viver esse tipo de relação com a perfeição, acho que é um caminho sem resolução: nunca será mais do que uma compensação e um consolo. É preciso que se compreenda que o desejo primordial das pessoas está ao seu alcance, e é na vida real e nas relações reais com as pessoas, com a Natureza e com a vida em geral, que se poderá atingi-lo. E não é nem um bocadinho menos mágico ou intenso do que na fantasia do trance, do estético e das drogas (a vida real ultrapassa a ficção, se a soubermos viver como deve ser).

Quando se atinge esse desejo, a sua vivência não tem nada de consolo ou compensação, nem se fixa em manifestações indirectas, nem tem toques de agressividade frustrada à mistura. É simples, bom, positivo, e dá um sorriso sincero e transparente.

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