Gosto de filmes em que o par principal, no meio de toda a trama de acontecimentos e confusões típicos das tragédias gregas, mantem-se sempre fiel e confiante um no outro, com um amor seguro e resistente às intempéries. Hoje vi um assim: "Expiação". Uma história que mostra, sem grandes interpretações ou juízos de valor, a verdade dos sentimentos crus que passam pelas almas humanas, e também das reviravoltas que as vidas dão à mercê de acontecimentos que não se controlam.
Nós, homens e mulheres, somos seres desejantes. Aquilo que mais nos caracteriza é desejar. Desejamo-nos uns aos outros, desejamos coisas, desejamos, ponto final. Na "sopa" de desejos em constante ebulição que faz parte dos grupos humanos, os seus destinos são muito variáveis. Uns encontram o que desejam, outros encontram desejos diferentes quando procuravam o primeiro, outros desejam sem nunca serem saciados, outros não chegam a perceber o que desejam.
Pode-se dizer muita coisa sobre isso: que é injusto ou que é justo, que é bonito ou que é feio, que é redutor ou que é humano. A mim parece-me, acima de tudo, que é uma sorte. É uma sorte ser livre para sentir um desejo, e é uma sorte ser-me dada uma oportunidade para o satisfazer, ainda que as condições possam ser adversas.
Consegui-lo é o auge; não o conseguir é uma lição de desportivismo; e tentar tem o seu encanto.
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21 de janeiro de 2008
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