Vem Janeiro e vejo "isolamento" num vidro cinzento cheio de gotas de chuva. Vem a Primavera e vejo "entusiasmo" nas flores e nas folhas. Vem o Verão e vejo "aventura" nas malas e nos carros. Vem o Outono e vejo "segurança" no cheiro da lenha queimada da sala quentinha dos primeiros dias frios. E isto é só uma pequena amostra.
Porque é que não vejo "isolamento" quando estiver realmente isolado, "entusiasmo" sempre, "aventura" quando me apetecer e "segurança" quando realmente a tiver? Parece que somos escravos de associações e significados formados ao longo da nossa vida, e que passamos a viver o presente através do passado, sem actualizar essas associações e significados, sem permitir que as experiências actuais criem outros.
Por outro lado, essa função de associar sensações a coisas e experiências parece ser também importante porque é uma forma de conhecimento do mundo, o que nos permite não só aproveitar em maior profundidade o que vier depois, mas também ter um grau mínimo de previsibilidade sobre aquilo que nos pode acontecer.
Talvez não seja bom largar as associações e significados que colecçionámos ao longo da vida, mas também não é bom que elas impeçam a formação constante e fluída de novas associações e significados. Talvez o melhor seja um equilíbrio entre estes dois extremos. Como é que se faz para atingi-lo? Como manter sempre uma relação fresca, directa, imediata, actual, intensa, profunda e nova com a vida?
Está aberto o plenário (ando numa de pedir a vossa opinião!)
1 de outubro de 2007
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4 comentários:
Se encarármos cada signficado como a matéria-prima para construir novos e melhores sentidos.
isto de associarmos sensações e significados a coisas passadas que, no fundo, nos permite criar referências e antecipar acontecimentos é um facto que existe, mas que só me faz lembrar processos instintivos de auto-preservação e sobrevivência da espécie. por isso, estou-me um bocadinho muito grande nas tintas para esse tipo de significação das coisas :O) e opto por pensar que somos como uma árvore!!! que vai criando ramos e flores e frutos à medida que vive feliz a sua vida, que entorna o seu perfume no mundo e que sorri aos passarinhos que nela pousam para cantar...
assim, sem querer sequer saber porquê.....*
tás muito "Alberta Caeira" eyes. não achas other?
ó n,
por acsao, eu gosto muito desse senhor.... e eu também tenho muitos heterónimos.... :O)
e concordo (acho que com o Bernardo Soares...!!!) que há metafísica bastante em não pensar em nada _______________________*
tururututu :O)
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