É engraçado como o desenvolvimento vem mesmo da acção. Sò quando me pus a pensar (se é que pensar se pode chamar acção...) sobre o tema que queria para a espécie de mestrado que vou fazer, é que percebi que muitas outras idéias estavam escondidas por baixo dessa idéia principal.
A idéia principal é a vivência do corpo e a sua relação com as emoções. Como disse nos últimos posts, acho muito importante a compreensão dos processos que se dão no aqui e agora à medida que as pessoas se relacionam entre si, e a procura duma experiência global e intensa na relação com os outros e com o mundo. Assim, queria fazer qualquer coisa sobre a vivência do corpo em relação com as emoções, como uma maneira de promover essa experiência global, directa e imediata.
Ao tentar aprofundar esta questão, percebi que: exprimirmo-nos emocionalmente e termos consciência dos nossos sentimentos são duas coisas muito ligadas. O não exprimir emoções leva à falta de consciência do que é que estamos a sentir, e vice-versa.
Da mesma maneira, a expressão corporal das emoções é uma forma de expressão emocional importantíssima, e o limite entre o físico e o psicológico é muito mais difuso do que costumamos pensar. Realmente, somos um ser que a cada momento tem todas essas dimensões numa relação muito próxima: pensamentos, emoções e sensações corporais são um contínuo muito mais indivisível do que pensamos.
Ao mesmo tempo, tudo isto parece estar ligado à nossa animalidade. As nossas emoções foram formadas através da associação de reflexos fornecidos pela experiência da espécie, ligados à sobrevivência. Por isso, emoções, impulsos fisiológicos de alerta, acção, ritmo cardio-vascular, etc., estão muito ligados entre si, e como estou sempre a redescobrir, o humano e o animal estão também num contínuo indivisível.
Moral da história: quanto mais formos capazes de vivermos integrando todas estas dimensões, que no fundo são inseparáveis, mais profunda e verdadeira vai ser a nossa experiência da vida, e mais aliviados nos iremos sentir. Que aquilo que vai dentro de nós não fique guardado no baú da nossa memória, mas tenha sempre uma expressão exterior e física, corporal, e que esteja dirigido a alguém, no quadro duma relação interpessoal. Acho que isto é importantíssimo na compreensão da nossa saúde psicológica, afectiva, e até mesmo física e espiritual. A vida é relação, relação é acção, e acção é uma experiência que só existe no presente e é global: mental, afectiva, física e espiritual.
Ah, o espiritual. Aqui entra mais uma falsa divisão que costumamos fazer: o psicológico e o espiritual , que também estão num contínuo indivisível. Realmente, vivermos ao nível da expressão emocional corporal permanentemente traz alívio e saúde psicológica. Mas trará felicidade? Parece-me que só isso não chega. O próprio conteúdo daquilo que vivemos, e não só a maneira como o vivemos, é determinante. Assim, o próprio tipo de emoções que sentimos e exprimimos nas nossas relações com os outros também é relevante. Podemos saber exteriorizar bem as emoções que resultam das nossas relações e isso trazer-nos alívio, mas nem todos os tipos de relações e consequentes emoções nos fazem bem. Há um tipo de relações que traz mais felicidade e mais saúde mental, afectiva, física e espiritual do que outras: as relações de amor.
2 de novembro de 2007
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2 comentários:
a tua tese vai ser bem interessante!
Obrigado! :)
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