9 de julho de 2007

Tudo é linguagem


Ou nem tudo, mas na minha linguagem digo tudo, quando quero exprimir intensidade. Tipo "tudo é paz"...

Mas pronto: tudo é linguagem. As coisas dizem-me coisas, sem saberem que o dizem. Por exemplo, as folhas verdes das árvores falam, dizem-me coisas, tipo "viver é bom, ainda que seja passageiro". Mas dizem-me muitas coisas mais. E nós, também dizemos coisas sem saber que as dizemos. Tipo "tou chateado", ou "gosto de ti"...

Nós somos uma espécie com muitos anos de desenvolvimento, e aquilo que dizemos sem querer tá previsto no nosso código genético. Mas é engraçado como coisas que não vivem nem têm espécie podem falar sem terem sido elas que falaram. Só pelo facto de existirem, e pela maneira como existem, dizem-nos coisas.

Já para ouvir o que elas dizem, é preciso estar vivo, e cada ser ouve coisas diferentes na maneira como as coisas existem. Tipo, eu posso ler numa pedra "paz", e tu podes ler "caos"... Isto acontece porque tudo é linguagem.

E a linguagem tem vários níveis: desde a mais específica e subjectiva, como aquela que só eu sei decifrar (porque foi construída através de associações entre experiências que só eu vivi com significados que só eu atribuí); passando por linguagens partilhadas por pequenos grupos (porque associaram em comum experiências que só eles viveram a significados que só eles atribuíram)... passando ainda por linguagens partilhadas por grandes grupos... e subindo por aí fora até que, acredito eu, chegamos a uma linguagem universal.

Em última análise, a existência tem qualquer coisa de comum a todos os seres, e é possível que todos atribuam os mesmos significados a experiências universais pelas quais todos passam. Tipo "amor é bom".

Amor... essa sim, é uma linguagem universal :)

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