16 de julho de 2007

(banda sonora: Katie Melua - I cried for you)

Ainda bem que para Deus não é fazer as coisas direito que conta, senão eu bem que tava lixado. Mas é bom saber que para Ele valho tanto a fazer tudo perfeitinho como a fazer tudo mal. E se é assim para Ele, como poderia não ser para toda a gente?

O que conta é sabermos acolher o amor e viver em perdão, e para isso não é preciso fazer nada direito. Ou melhor, isso é fazer tudo direito, segundo o critério que realmente importa.

7 comentários:

n disse...

Olá! Gostei muito do teu texto.

Para responder à tua pergunta "como poderia não ser para toda a gente?":
Muito facilmente. Ninguém dentro do grupo "toda a gente" é como Ele, todos desse grupo são mais imperfeitos/ incompletos do que Ele. Logo é perfeitamente natural que para muitas pessoas valhas mais a fazer "tudo perfeitinho" do que a fazer "tudo mal".

Normalmente, nesse tipo de pergunta retórica, diz-se que:
se uma coisa mais "fraca" consegue, então as outras mais "fortes" conseguirão com mais certeza.
O que tu estás a dizer é:
se a coisa "mais forte" consegue então as "mais fracas" também conseguem.

Ou a ideia era dizer "Quem somos nós para duvidar da conduta de Deus?"?
Se era isso... o Amor de Deus por nós é uma proposta, não se impõem evidenciando-se, liberta-nos e para isso nunca pode ser provável. Não sendo nunca provável, qualquer pessoa é alguém para duvidar Dele e da Sua conduta.
(ainda que para quem crê, a dúvida dessa pessoa não seja mais do que a sua incapacidade para conceber a perfeição ou as suas aproximações)

n disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
n disse...

Como é que se acolhe o amor e vive em perdão? Queria saber. Porque saber que saber isso é o que conta... já eu sei.

Para mim o que conta é esforçar-me por dar o melhor de mim e esperar que isso sejam atitudes de acolhimento do amor e de viver em perdão.

"...segundo o critério que realmente importa." - calculo que estivesses a falar no critério de Deus/do Amor.
Eu só consigo usar os meus critérios.
Eventualmente, por vezes, posso esperar conseguir excertar, nos meus, os critérios de outros, incluindo os de Deus, mas a raiz é sempre minha.
Isso é o que faz de mim... eu.
Isso é o que faz da relação que Deus estabelece comigo... única/ singular.
E isso é o que faz de Deus infinitamente bom, plural e amoroso.
(Porque faz isso comigo e com tudo o que existe.)

Abraço

n disse...

Se eu aspirar a ser Deus (ou como Deus) ou a ter os Seus critérios, estou a alienar a minha identidade, a alienar aquilo que, de concreto e real, posso fazer.
Eu acho que a única coisa que devo (ou posso) fazer pelos outros e o seu bem (e o bem geral de tudo) é dar testemunho de Deus, mais concretamente da vida de Jesus.
O testemunho que dou é o MEU testemunho:
A forma como O sinto e como isso se reflete naquilo que faço.



(se tivesses moderação eu não lia o que tinha acabado de escrever e não ia sucessivamente acrescentando coisas pá, eheh, isso foi má ideia)
agora vai um bacalhau que eu não gosto de repetir nada, nem cumprimentos

- disse...

lol :) obrigado, abraço e bacalhau

Anónimo disse...

Texto gostoso!
Sim, 'fazer tudo perfeitinho' segundo os critérios humanos não serão muitas vezes os criterios de Deus. Concordo plenamente. Quantas frustrações ao atingirmos o 'perfeitinho' idealizado! Para além disso, os santos contam-se entre os imprudentes :) e foram várias vezes ocasião de escandalo para mentes de critérios mais estreitos.
Se fosse possivel olhar com o olhar de Deus para os outros e para nós, acredito que seria tudo bem diferente.
Atrevo-me a dizer que, se eu fosse capaz de entrever uma milionésima parte do amor que me tem (injustificado e improvavel!), e do amor para que fui talhada, impelida a corresponder também faria algumas coisas mais perfeitinhas...mas agora segundo outros criterios :P
Ao aproximarmo-nos um pouco do misterio da atitude de Deus perante o Homem ao longo da Historia, vemos que é na nossa imperfeição que nos acolhe e ama. Apesar das fraquezas e infidelidades de um povo, de um discipulo, de um filho (ou mesmo precisamente nelas!)oferece incansavelmente o perdão e a Si mesmo como dom gratuito e silencioso.
Mas este dom requer acolhimento, que requer uma mão em concha, aberta, ao outro, à vida, ao perdão, a Deus. A nossa mão tem tendencia a fechar-se, a (es)colher tudo (pessoas, dias, coisas, planos) para si e segundo os seus criterios...estreitos. A exigir. Não a acolher.
Para acolher o perdão é necessário perceber a necessidade dele: é preciso reconhecer faltas. Mas faltas em relação a quê? a quem? para as reconhecer há que ter um um criterio, um rumo assumido. Só resta que este seja o mesmo que Deus tem quando nos diz "sede perfeitos, como o Vosso Pai é perfeito". Meta alta? Meta bela. Meta alegre quando já na CERTEZA de sermos amados... (porque sim, por sermos nós), apenas queremos desajeitadamente responder, com incertezas, avanços e recuos, nesta relação que é a mais pessoal e livre de todas as relações.
É uma alegria à prova de bala viver em reconciliação constante, que vejo ser um RECOMEÇAR confiante rumo ao Amor, que é Deus, que é... a perfeição!
Meta que excede o ser 'bonzinho', 'planeadinho' e 'perfeitinho'? Sem dúvida.

Mas agora a serio. Perfeito perfeito perfeito...só tu! eheh

Anónimo disse...

Uma achega no concreto. Parece-me que raras são as vezes em que vamos ver CLARAMENTE qual a melhor decisão, no dia-a-dia, quando queremos aplicar o critério do amor.
Para discernir, saber ouvir, pensar e sobretudo rezar. E depois ser dócil. A mim ajuda-me ver como foram decidindo pessoas reais cuja vida foi nitidamente uma entrega. Tenho sorte de conhecer algumas de perto, e uma caracteristica me salta à vista: generosidade.
Cada uma dessas pessoas tem a sua vida, unica e intransmissivel, e na liberdade das pequenas e grandes decisões...assumidas, muitas vezes incertas, muitas vezes sofridas, às vezes erradas, mas sempre generosas e abertas ao recomeçar, é que foram construindo à sua volta, um porto seguro de Humanidade.
OxAlá.