23 de dezembro de 2007

Querer e precisar

São coisas diferentes. Querer é amar, precisar não tem bem a ver com amor. Se eu preciso de alguém, então procuro essa pessoa para me dar qualquer coisa que me falta, e sem a qual eu sinto um défice em quem eu sou. Se eu quero estar com alguém apesar de não precisar dessa pessoa, procuro-a pelo que ela é, e não pelo que ela me acrescenta como pessoa. Aí é que começa o amor e acaba a confusão. A isto chama-se autonomia, que por sua vez é diferente de independência. Ser autónomo não é ser independente ou indiferente. Se eu amo uma pessoa, quero-a, apesar de não precisar dela. E se a quero, estou dependente de estar com ela, do que ela faz e do que lhe acontece, pois isso afecta-me, não me é indiferente.

Estas confusões entre este tipo de "conceitos" são difíceis de esclarecer em nós, pois são desenvolvidas pelas nossas experiências desde a infância, e estão na forma de sensações pouco conscientes. Mas quem cresce e vive num ambiente de amor saudável, tem-nas bem arrumadas naturalmente, sem ter que pensar nisso. Quem não teve essa sorte, ou vive experiências fortes de amor saudável que lhe ensinem isso automáticamente, ou tem que tornar essas coisas conscientes para compreendê-las e mudá-las.

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